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sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

"Years & Years"(2019) - tema o futuro!

 

2021 chegando e eu não consigo deixar de  ver nesse futuro cada vez mais o reflexo do passado, antes com o flerte com o fascismo e a romanização da ditadura, agora, no alto uma pandemia, com uma revolta da vacina.
No meio dessa loucura toda, que descobri uma série de 2019 que analisado o momento atual do mundo ,tenta apresentar uma visão dos próximos 15 anos e o resultado é fantástico e assustador. Tratasse de "Years & Years" série distopia inglesa produzida em parceria pela BBC One e HBO e escrita por Russel T.Davies, que me fascinou e assombrou nesses últimos dias de 2020.

A série acompanha, de 2019 até 2034, as desventuras da Família Lyons, uma plural e moderna família Inglesa composta por quatro irmãos ( Stephen,Edith, Daniel e Rosie) sua avó materna, seus filhos e relacionamentos que vão sofrer os reflexos da evolução tecnológica,  crise migratória, quebra dos bancos, uberização do emprego e do crescimento do Populismo de extrema direita, personificado na figura de Vivienne Rook.


A série me pegou já no começo,  quando vai apresentando os membros da Família Lyons e suas diferenças e semelhanças que nortearão a história.Os Lyons são o mundo! Ímpares , mas iguais; alegres e festeiros, mas vítimas das mais terríveis tragédias; buscando o melhor enquanto o pior os ronda. Sendo assim, cada Um dos membros da Família representará uma ou mais questões a ser refletidas nos seis episódios da série.

Stephen,o irmão mais velho, junto com sua esposa Celeste, serão a fragilidade da situação financeira da classe média em um mundo sem certezas quanto a trabalho e emprego e a necessidade de se reinventar frente a uberização dominante e tecnologias que dispensam o conhecimento técnico e subjetividade.

Bethany, filha mais velha de Stephen e Celeste, representará a tecnologia cada vez mais presente no dia a dia das pessoas. Ela se diz trans-humana e sonha em reciclar seu corpo orgânico e se tornar uma máquina ou apenas dados na rede.

Edyth Lyons, uma ativista social, nos apresenta os impactos do crescimento desenfreado do mesmo estilo de consumo na natureza e os resultados e o que se esconde por trás das silenciosas guerras comerciais.Ela representa a tanto a luta contra um sistema autodestrutivo  quanto a pequenez do ser humano frente a esse sistema.

Daniel Lyons, que é funcionário da Imigração e assumidamente gay, Junto de seu namorado refugiado, Viktor,será tanto a visão de um futuro onde o respeito sobre as diferentes opções foram rapidamente  deslumbrados, como quanto pode ser amargo e desesperador quando o mínimo é arrancado de nós. Daniel é a luta pela vida e busca pela felicidade, tendo para isso, a triste tarefa de dar rosto e voz , a luta de quem atravessa as fronteiras, fugindo da opressão dos extremos para buscar o mínimo de dignidade.

Fechando os principais membros da Família Lyons,temos Rosie, a irmã mais nova. Nascida com a espinha Bífida e mãe solteira de dois filhos, ela gerencia uma equipe em um refeitório de escola, tendo um padrão de vida mais abaixo que seus irmãos e vai sofrer os impactos das novas tecnologias, cortes de gastos, além de ser vítima de uma ferrenha burocracia e descaso ao tentar se reinventar.

Ainda entre os personagens principais, mas distante da Família Lyons, temos Vivienne Rook, política populista de direita, que surge sem Partido em programas locais de TV e  começa a ganhar espaço e destaque ao falar, sem filtro, o que pensa, derramando seus preconceitos e nacionalismo sobre um país que patina sozinho ao lado de uma Europa em Caos, EUA fechado e China cada vez mais crescente. Utilizando da tecnologia e do Ambiente propício,Vivienne vai se infiltrando e tirando vantagem. Vivienne é a nova política populista que cresce a cada dia, negacionista, debochada,  indiferente e alinhada com pequenos grupos de poder ,mas que se traveste de povo e se diz desinteressado em vantagens.

A série é fantástica, em apenas seis episódios consegue entregar uma visão distópica e assustadora de um futuro não muito distante, mas sem ser dramática ou triste de mais ou exagerada em tecnologias ou quebras muito grandes com a sociedade atual; tudo em "Years e Years" é muito plausível, parece muito perto e isso que deixa a séria fascinante e assustadora!

Senti falta de dois temas que não foram abordados na série,  O primeiro são as redes sociais, serviços tão presentes hoje em dia, que movimentam Bilhões de pessoas e dinheiro e que geraram um grupo novo de poder nesses últimos anos, os Influencers, que tem se apresentando tanto como representantes de pensamento de determinados grupos quanto indicadores de tendência, mas que , fora a citação de Vivienne Rook sobre seu "canal" não aparecem na série , perdendo a chance de demonstrar os efeitos de uma vida não prática e baseada em aparências. A outra coisa que senti falta foi a religião,  acompanhando o mundo atual, se vê que correndo ao lado do extremismo político encontre-se o discurso religioso populista, quando não também extremista, que utiliza a base da religião para implantar ideias conveniente para seus líderes,mas isso não é nem superficialmente sugerido no decorrer da série . Mas quem sabe, no caso de um possível segunda temporada ,não vejamos esses temas abordados de maneira tão competente quanto as que questão desses seis primeiros episódios? Quem sabe?!Vamos torcer.

" Years & years" foi um achado! Uma série de um ano atrás que me fez olhar com receio para um futuro cada vez mais incerto e refletir sobre para onde estamos indo,ao mesmo tempo que aborda a importância da família, da força do amor e da importância de se lutar pelo que é certo. Para mim, uma série obrigatória para quem quer imaginar para onde estamos indo e pense em mudar de curso enquanto ainda se pode.

Pois então, assista ."Years & Years".

E que venha o futuro!





quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

IMPULSE - A série (2018)





  A frase mais repetida que eu ouço, quando falo de uma série, é: “tem na Netflix?”. Eu entendo esse questionamento, o serviço de streaming mais popular do planeta se transformou em sinônimo de relevância no que se trata de entretenimento e sendo assim, se tem lá, é porque é bom! Só que, existe muita coisa bacana sendo feita fora dessa bolha e que quase ninguém dá a devida atenção, mas que precisam conhecer.

  
Um bom exemplo é uma série de ficção científica que teve sua primeira temporada apresentada em 2018 pelo Youtube Premium, mas que por aqui pouco se falou. Trata-se de “IMPULSE”, produção baseada no livro homônimo de Steven Gould (que também inspirou o filme “Jumper” de 2008) e que conta a história de Enrietta “Henry” Coles, uma adolescente problema que após sofrer abuso, descobre que pode se tele transportar. 

   Comecei a assistir a série por pura curiosidade, mas ela acabou me tele transportando (pá-bum-tss) para dentro do mundo que os criadores entregam, conseguindo com sua história me fazer resistir de fugir de uma produção de dez episódios de 50 minutos em pleno calor de janeiro. No meio dessa batalha entre calor e curiosidade, posso dizer que oque mais gostei da produção é que ela coloca o “poder” da protagonista em segundo plano, ele é importante e sua descoberta dá movimento a toda trama, mas a história não fica batendo nessa questão a todo tempo, substituindo os clichês habituais de histórias de superpoderes por uma trama apoiada nas escolhas dos personagens e suas capacidades de lidar com as mesmas.

  
A Opção por deixar o fantástico meio que de lado, proporciona o aprofundamento dos personagens centrais, dando dramaticidade á uma série que tem uma premissa aparentemente rasa. A situação que dá origem a tudo é o abuso sexual sofrido pela protagonista e que, além de despertar seus poderes, causa a paraplegia de seu agressor. Tal situação além de liga-los profundamente durante toda a temporada, abordando sobre o limite do que é abuso, a consciência dos atos de cada um e a responsabilidade sobre o que se fala, ainda gera sub tramas bem interessantes envolvendo a família do agressor, da protagonista e até da polícia local, sem falar de uma misteriosa organização que se mantem quase que totalmente nas sombras até o final da temporada, mas que sinaliza ser tanto uma resposta sobre o passado, quanto a grande ameaça no futuro da protagonista.

    Outra coisa que gostei é que a série consegue dar tridimensionalidade aos coadjuvantes, fazendo com que entendamos suas razões e dúvidas e que nos importemos com eles. Dois exemplos são o irmão mais velho do agressor de Henry e a filha do padrasto da protagonista, que apresentam um desenvolvimento paralelo muito bem construído e que acabam a temporada totalmente diferentes de como começaram, o primeiro passando de um quase capanga do próprio pai e de postura violenta, para alguém que busca redenção pelos crimes e erros que cometeu para orgulhar o pai que o vem subestimando; enquanto a segunda larga a ideia de buscar a aprovação dos colegas de escola e, além de se tornar a verdadeira heroína da série, defendendo sua família,  se encontra como pessoa com a pitada de rebeldia que a irmã postiça lhe transmite.

Mas a série tem algumas questões que me incomodaram. A Maior é que ela começa apresentando um personagem, que possui o mesmo dom da protagonista, e que dá pistas dessa organização secreta que citei acima e da existência de outros como eles, mas a história parece utiliza-lo só para mostrar como essa organização é maligna e desiste dele o retirado da trama de maneira abrupta e chocante, com uma explicação fraca e sem cita-lo mais tarde. Outro problema é a própria protagonista que é extremamente grosseira e indiferente com os outros, jogando a culpa de tudo nas pessoas que a rodeiam e que parece não se preocupar com ninguém além de si mesma, seu crescimento como personagem oscila muito e a temporada termina sem realmente sabermos se ela aprendeu alguma coisa com tudo que aconteceu e, falo com tranquilidade, que se não fossem as tramas paralelas e os coadjuvantes bem construídos e a serie fosse totalmente focada em Henry Coles, não seria possível passar do quinto episódio.

    Mas embora possua alguns furos, “IMPULSE” é uma boa série. Consegue trabalhar razoavelmente bem a questão do abuso sem perder seu propósito de ficção científica, ainda trabalhando em paralelo com investigação policial e descobertas adolescentes, quase como um bolo onde se misturam muitos ingredientes e no final fica saboroso. A produção é muito bem feita, os diálogos são bem explorados e muitos deles cheios de tensão e, o clima e a ambientação gelada da série ainda colaboram para a ideia de solidão e desolação que a protagonista sente ao seu redor depois que, além de sofrer abuso, descobrir que não é uma pessoa como as outras.

  Então aproveite a minha dica e assista “IMPULSE” e se surpreenda com uma das diversas produções que NÃO estão no maior streaming do mundo, mas que mesmo assim, possuem grande qualidades e merecem ser notadas.




domingo, 26 de agosto de 2018

"ZULU" - O livro de Caryl Férey








     Os vilões sempre vencem! Essa frase, que se lê como easter egg em alguns episódios da primeira temporada da série “Mr.Robot”, foi a primeira coisa que passou na minha cabeça ao terminar um dos melhores romances policiais que já li até os dias de hoje, isso depois de desfazer o nó de minha garganta e contemplar o horizonte por alguns longos minutos.

   Estou falando do livro “ZULU” do escritor francês Caryl Férey, publicado no Brasil pela editora Vestígio, que tive a sorte de encontrar por acidente em uma prateleira de supermercado enquanto esperava entediado para ser atendido pelo caixa e que me apresentou uma trama tensa e pesada, com personagens carismáticos e tridimensionais, ambientada em uma país dividido por feridas do passado e a dura realidade desigual do presente que me prendeu com a garganta seca e o coração acelerado até a última linha.

  
A História, que é ambientada na tumultuada África do Sul pré-copa 2010, acompanha a equipe liderada pelo chefe da polícia criminal de Cape Town, de origem zulu, Ali Neuman, que é composta pelo jovem detetive Dan Fletcher e o complicado Tenente Brian Epkeen. A Rotina dos três, já conturbada devido a incessante violência, se complica quando a filha de um renomado jogador de rugby é encontrada morta com aterradores sinais de violência e traços de uma nova droga em seu organismo, a partir daí os três embarcam em uma odisseia que vai revelando uma conspiração tão assustadora quanto crível e que, conforme vai empilhando corpos enquanto nos conta uma história tão profunda quanto forte, entrega um olhar perturbador de um país que, tal como o nosso, é marcado pelas desigualdades e contradições.

   A primeira coisa que chamou minha atenção no livro foi a forma primorosa como o autor consegue nos colocar dentro do ambiente e das situações que vão se seguindo. Através de uma escrita ágil, mas extremamente detalhista, Caryl Féry nos leva a uma África do sul sem maquiagem, com as cicatrizes do apartheid à mostra e com todos seus problemas sociais expostos, no meio de um caos que a história só faz crescer enquanto ao mesmo tempo consegue abordar o que à de pior e de melhor nos seres humanos, em um estilo que fica bem centralizado entre um George R.R. Martin e a profundidade cinza de seus heróis / vilões e o charme e brutalidade dos detetives dos livros de James Ellroy.

    Esses mesmos personagens que, para mim, quando bem escritos são o segredo da qualidade de qualquer grande obra literária ou cinematográfica, são a segunda coisa que me fisgou no livro. E a maneira como o autor dá um mínimo de profundidade a todos eles, os apresentando em pequenos capítulos que dão uma ideia geral de sua personalidade e seus motivos, quando não contando mesmo suas biografias e o que aconteceu para que eles tivessem chegado até aquele momento da história, facilita essa percepção de relevância de cada um deles. É assim que conhecemos o terrível passado de Ali Neuman, sobrevivente dos últimos dias de Apartheid e que presenciou o assassinato do próprio pai e do irmão mais velho; Do mesmo modo descobrimos sobre as origens africânderes do rebelde Tenente Epkeen, de seu desprezo pelo sistema e relação conturbada com o filho e a ex-mulher, essa mesma tendo um grande destaque na última parte do livro; Ou ainda nos emocionamos com a relação do policial Dan Fletcher com sua esposa com câncer e o medo de deixar seus filhos desamparados; tudo isso em meio a outras tantas histórias e personagens que compõem a trama. Férey descreve tão bem esses personagens que mesmo antes de terminar a primeira parte do livro já fomos pegos nessa armadilha que acabamos nos sentindo tão íntimos deles que sentimos seus medos, nos entristecemos com suas frustrações e tememos por suas seguranças a qualquer sinal de ameaça.

  
O Autor
E Ameaças é o que não faltam em um país que, assim como o Brasil de 2018, parece uma bomba prestes a explodir. São gangues de ex-milicianos oriundo do coração da África, traficantes que se escondem em seus bares particulares e nas favelas, a AIDS, a falta de perspectiva, mas é no grande mercado (sem spoiler) que reside o grande antagonista à equipe de Ali e que, assim como em muitas situações da vida, ao final do livro, deixa aquele gosto amargo em nossa boca quando percebemos que, mesmo presos ou mortos os assassinos e envolvidos, o mal que gerou todas aquelas situações e precisou de tantos sacrifícios para ser freado, jamais será levado à justiça, nos deixando apenas o consolo da vingança contra seus agentes mais próximos e tristeza por quem buscou justiça e caiu em batalha.

    Mas mesmo terminando com um soco no estômago, a ponto de colocar um nó na minha garganta e um amargo na boca por todos os sacrifícios feitos pelos personagens (em especial ao final da primeira parte e do último capítulo), a leitura de “Zulu” me proporcionou uma grande prazer. Por seus personagens humanos e realistas, a Trama investigativa extremamente inteligente e clima de reflexão social pertinente e assustadora (e que, em alguns aspectos, lembra muito nosso país) indico a todos que desejarem uma história cheia de reviravoltas e que estejam dispostos a ir até aos esconderijos mais sombrios e sujos da mente humana, mas sempre com a verdade em mente de que os vilões sempre vencem.



quinta-feira, 14 de junho de 2018

AS BOAS MANEIRAS (2018)




Em junho de 2016, Após assistir o ótimo filme argentino "Relatos selvagens", eu questionava o porquê o Brasil não produzia cinema no mesmo nível de nossos vizinhos Hermanos, que conseguem entregar bons filmes com temas variados, sem se prender aos problemas existenciais de sua classe média ou a violência que a pobreza enfrenta; a opção que encontrei na época passava pelas produções autorais e de menor orçamento, como por exemplo, os curtas de terror de Dennison Ramalho, mas o pouco alcance desse tipo de produção veio depois a me parecer um caminho estreito demais para fomentar investimento e qualidade em nossa indústria cinematográfica, que necessitava de algo maior para se tornar visível.

Dois anos depois, a semente desse cinema de nicho que eu havia enxergado como opção parece ter começado a germinar com a estreia de um filme que foge do que é comumente feito no Brasil ao misturar elementos de terror sobrenatural e crítica social, além de inovar em sua narrativa e plasticidade. Trata-se de "As boas maneiras", filme  de Juliana Rojas e Marco Dutra, estrelado por Marjorie Estiano, Izabel Zuaa e Miguel Lobo, que estreou dia sete de Junho,  podendo ser aquele algo a mais que trará um novo frescor a industria cinematográfica BR.


  

O filme, que se divide em duas partes, acompanha a história de Clara (Izabel Zuaa) uma melancólica enfermeira, que é contratada para "ajudar" na casa e ser a babá do filho ainda não nascido de Ana (Marjorie Estiano) e que , conforme a relação das duas vai se estreitando, começa a notar o estranho comportamento de sua empregadora em noites de lua cheia e procurar por respostas. Já na segunda parte, encontramos Clara, quase dez anos depois, muito mais confiante e morando na periferia com seu filho adotivo Joel ( Miguel Lobo) que guarda um segredo que o impossibilita de aproveitar ao máximo sua vida e que põe tudo em risco quando descobre o que Clara escondia de seu passado e parte para a cidade em noite de lua cheia.

Embora na minha sinopse a trama pareça dar toda atenção a uma história clássica de lobisomem, o filme na verdade segue a cartilha de toda boa história de ficção científica ou fantasia e usa esse elemento fantástico muito mais como plano de fundo para expor de forma sutil os problemas de nossa sociedade, do que aborda a lenda e maldição da licantropia. Sendo assim, "As boas maneiras" é mais um drama que fala de amor, sacrifício e tolerância, do que um filme de monstro pensado para dar sustos.

Clara e Ana
Podemos constatar o comentado acima apenas analisando o próprio nome do filme, que faz alusão a uma conversa que Ana tem com Clara, quando esta lhe serve sopa no jantar e que a remete a aulas de etiqueta que ela fez quando era mais nova. Ana conta que era ensinada a tomar sopa sem fazer barulho e andar com um livro na cabeça para treinar a postura (coisa que ela não consegue quando tenta demonstrar, indicando sua falta de aptidão para fugir de quem realmente é ) essa conversa, que pode passar despercebida, descreve toda a dura relação dos personagens centrais com a sociedade que as rodeia e a qual tentam se adaptar e manter com o máximo esforço a convenções, seja a mulher negra, pobre e lésbica, que tem que se sujeitar a acumular tarefas em um emprego para poder pagar suas contas, seja a mulher rica, que seguindo seus desejos é renegada pela família e expulsa de sua casa por desonrar seu nome ou a criança que, sem conseguir escapar de como nasceu, é trancada em um quarto blindado em noites de lua cheia. Todos ali são párias, por não conseguir fingir por completo suas naturezas, por não seguir as boas maneiras.

Podemos até mesmo traçar um paralelo entre o aparentemente frágil Joel com a história de muitas crianças e jovens das periferias. Criado na pobreza se sente abandonado e se vê impossibilitado de participar das experiências que a vida lhe mostra devido à condição em que nasceu. Como no caso de muitos desses jovens a revolta também é o escape de Joel na busca por liberdade e o erro fruto da falta de conhecimento sobre si mesmo, o que, aos olhos da sociedade, o apaga como pessoa e o enxerga apenas como um monstro.

Eu era um lobisomem juvenil
Mas longe dessas interpretações subjetivas, o filme me surpreendeu, além de pela história com pitadas de terror e o aprofundamento dos personagens; pela sua estética e inovação na narrativa. A forma como o filme mostra São Paulo dividida entre uma zona de arranha-céus espelhados e uma periferia imensa e a transformação de menino para monstro quando ele atravessa a ponte; as ruas escuras cheias de luminosos dão um ar de cinema coreano à película e os efeitos especiais bem bacanas para nosso pobre cinema além de não decepcionar prestam homenagem ao clássico “Um lobisomem americano em Londres”, sem contar que no primeiro ato, temos a história de Ana sendo contada através de desenhos e no ato final ainda vemos um trecho musical, nada descambando para cafonice ou galhofa.

No entanto, como tudo na vida esse filme também tem seus problemas, e, um dos que mais me incomodou foi a extensão da história. A produção tem duas horas e dez, o que não é lá um grande tamanho, no entanto, se tratando de uma história que foca em apenas três personagens, parece que há uma barriga desnecessária na trama. Há também algumas falhas de roteiro que não me passaram como o fato de ninguém vir atrás do menino Joel, quando este é levado por Clara ou como ela construiu um quarto blindado no fundo da peça onde morava. Mas todos esses pequenos problemas não apagam o mérito e o marco que o filme é por fugir da mesmice.

Apesar de seus pequenos problemas, “As boas maneiras” estreia trazendo novos ares para o cinema brasileiro e abrindo portas para temas mais diversos e fantásticos produzidos em nossas terras tupiniquins, injetando qualidade e quem sabe fazendo com que surjam investimentos suficientes para que nossa indústria se torne rentável e assim independente do estado e, finalmente, deixar de ser esse monstro assustador que só aborda as misérias da pobreza ou cinebiografias e conseguir alcançar o mesmo nível  e qualidade do cinema Argentino.




terça-feira, 29 de maio de 2018

Mortes em "Vingadores: Guerra Infinita".Quais os reais motivos.






Passou-se um mês da estreia de “VINGADORES: GUERRAINFINITA” e acredito que quem se interessou pelo destino dos personagens já deve saber que uma grande parte deles vai à Óbito durante a trama. No entanto, o que pouca gente sabe é que aquele discurso furado do vilão Thanos, afirmando que, para o universo progredir seria necessária a extinção de uma parte da vida de forma “aleatória” é uma grande mentira e que (quase) TODOS personagens mortos tiveram grandes motivos para suas desintegrações.
Para acabar de uma vez por com esse embuste proveniente da mente vingativa e inquisidora de um personagem de CGI, venho hoje revelar os pecados que levaram os heróis tombados até seu triste destino: (clique no nome do "motivo" para ver o trailer)

Gamora - MOTIVO: Crossroads (2002)
  Em 2002 a Diretora Tamra Davis trazia a público um filme onde, três amigas de infância partem em uma viagem pelos EUA para experimentarem pela última vez toda liberdade do final da adolescência e reafirmar os laços de sua amizade (vômito!), Sim, estou falando de “Crossroads: amigas para sempre”, filme protagonizado por Britney Spears (pré-surto) que tinha como uma de suas best friend , Zoe Saldaña, que antes de viver a badass Gamora, chorava sentada na beira de uma fogueira porque: “minha mãe me odeia porque sou mais bonita que ela!”... Confessa, tu também não a jogarias de um precipício?

Falcão – MOTIVO: Sem dor, sem ganho (2013)
Acho importante filmes baseados em fatos reais, pois quando bem escritos geram o desejo das pessoas conhecerem mais sobre história e fatos que perturbaram a sociedade. No entanto, quando uma situação na é deturpada na trama e tenta transformar um crime em uma comédia e assassinos em trapalhões marombados, não dá para perdoar. Pois é assim o filme “Sem dor, sem ganho” dirigido pelo famigerado Michael Bay e que, através uma espécie de comédia de mau gosto, conta a história do grupo chefiado por Daniel Lugo, um personal trainer, que resolve pular algumas etapas de sacrifício do sonho americano de enriquecer e sequestrar e matar para ter uma vida mais confortável; Nesse grupo dos amigos de Lugo, temos Anthony Mackie, o Falcão, parceiro fiel de Steve Rogers e que Thanos mandou para terra dos pés juntos sabendo que não se deve dar asas a cobras.

Pantera Negra – MOTIVO: Deusesdo Egito (2016)
O Filme Pantera Negra foi a mais feliz surpresa deste ano, dando uma aula de representatividade e carisma sem deixar a diversão de lado.Mas o que poucas pessoas devem lembrar é que antes de Chadwick Boseman viver o protagonista do segundo filme mais rentável da Marvel em 2018, ele viveu o Deus Thot em “Deuses do Egito”, um filme que , apesar de um elenco fantástico, trazia efeitos visuais vergonhosos, atuações vexatórias e um roteiro capaz fazer a própria esfinge enfiar a cabeça nas areias do deserto, justificando a morte do nosso querido príncipe T’challa.

Groot – MOTIVO: Triplo x (2002) & Tripo X –REATIVADO (2017)
Matar (de novo) o Groot parece uma tremenda sacanagem, mas ao lembrar que o responsável pela voz da carismática Árvore-humanoide é o Brucutu Vin Diesel e de suas interpretações canalhas na franquia triplos X (sem dizer de todos outros filmes), penso que ficou barato o que aconteceu com ele.


Star Lord – MOTIVO: O Procurado (2008)
Em 2008, os filmes de Super-Herói teriam uma revolução com a estreia de Homem de Ferro! Só que naquele mesmo ano, outro filme “baseado” em uma HQ estreou sem causar grande alarde, era “O procurado” que ficou marcado na memória coletiva da humanidade devido a suas balas atiradas em curva e assassinos contratados através de uma maquina de tear (não lembra? É porque o filme é ruim!). No elenco dessa maravilha, tínhamos o engraçadinho Chris Pratt, no papel do melhor amigo traíra do protagonista que ficou na minha memória por esse filme por levar com um teclado no meio da cara, o que Thanos achou pouco.

Dr Estranho – MOTIVO: O Quinto poder (2016)
Em 2013 chegava aos cinemas a cinebiografia de Julian Assange e a história da Wikliakes, e, o que era para ser uma empolgante história baseada nos eventos recentes de exposição e documentos secretos, se apresentou em um filme morno e chato que passou quase que despercebido e foi um fracasso de bilheteria, não podendo nem mesmo contar com a magia de Benedict Cumberbatch para que o filme tivesse um pouco mais de brilho, fato que, no meu coração, foi decisivo no destino do Dr. Estranho no final de “Guerra infinita”.

Drax – MOTIVO: O homem com punhos de ferro (2012)
Em 2012, o raper RZA realizou seu sonho de moleque de escrever e dirigir um filme de Kung-fu... e o filme é uma bosta! Totalmente filmado em estúdio, com personagens caricatos e idiotas e uma trama sem sentido, “O homem com punhos de ferro” é uma comédia involuntária de fazer a barriga doer de rir. Nesse pastelão, encontramos Dave Bautista (O Drax) começando suas aventuras no cinema depois de sua saída do WWE e interpretando um vilão tão meia boca que o desempenho o indicou como mais uma vítima de Thanos seis anos depois.

Feiticeira Escarlate , Mantis e Nick Fury – MOTIVO: Old Boy (2013)
Em 2002 o cinema Sul-Coreano chamava a atenção do mundo por uma Obra prima que abordava vingança, loucura e violência de uma maneira maravilhosamente Original, se tratava do novo clássico “OldBoy”, do diretor Park Chan-wook. Onze anos depois, o filme ganhou um remake desnecessário ambientado em terras americanas, onde a trama foi reduzida, os conflitos simplificados e a história que era densa transformaram em um filmeco de ação totalmente esquecível para nós, Mas não para o Titan louco!! Até por que Josh Brolin (que interpreta Thanos) é o protagonista desta droga e, talvez até por isso, tenha mandado para a terra dos pés juntos três infelizes que também estavam no filme... Samuel L. Jackson (Nick Fury) que fazia o papel do carcereiro do protagonista, Pom Klementieff (Mantis) que faz a guarda costas do antagonista e Elizabeth Olsen (Feiticeira escarlate) que faz a filha do protagonista. Mortes merecidas.

Soldado Invernal & Homem–aranha: Como em toda Guerra existem injustiças ... para não dizer que toda guerra é injusta... Talvez por isso o Soldado Invernal e o Homem-Aranha tenham ido a óbito, pois nada justifica a morte dos dois... não lembro de nenhum filme, série ou tweet que justifique a morte de ambos, apenas o recado implícito de que coisas ruins podem acontecer para pessoas legais... Ou talvez por um ser um adolescente chato e o outro um ex-assassino de um grupo terrorista... Mas acho que foi injustiça de guerra mesmo.

Bom, os pecados que levaram os muitos dos vingadores a morte foram expostos, desmentindo o discurso de aleatoriedades na escolha de quem vive ou quem morre proferido pelo vilão Thanos, só não consegui entender porque o capitão América não morreu, mesmo seu interprete sendo o mesmo do “Tocha-humana” dos dois primeiros filmes do Quarteto Fantástico, ou mesmo a  Viúva Negra, depois que Scarlett Johansson fez “Sob a pele” e “Lucy” , mas como dizem, gosto é gosto e não chamam Thanos de “O Titan louco” à toa.


sexta-feira, 18 de maio de 2018

DEADPOOL 2 (2018)






Chegou aos cinemas Brazucas nesse dia 17 de Maio do ano da graça do nosso senhor Jesus de 2018, “Deadpool 2”, a continuação do surpreendente sucesso  de 2016 estrelado por Ryan Reynolds na pele do mercenário tagarela mais querido da Marvel e, antes que o meu poder mutante de dizer que ESSE FILME É MELHOR DO QUE “GUERRA INFINITA” e repetir à exaustão as piadas com o universo DC comece a falhar, garanti meu confortável lugar no cinema para poder expressar minha desinteressante opinião sobre esse filme que é um dos mais esperados pela galerinha que curte uma cultura pop.

Na história, Wade Wilson /Deadpool (Reynolds) segue sua vida rotineira como assassino profissional, tendo o taxista Dopinder (Karan Soni) como motorista e o barman Fuinha, como conselheiro e agente; tudo segue “Tranquilamente” até que uma emboscada arranca de seu coraçãozinho imortal seu motivo para viver. É quando, Preocupado com a situação de nosso herói, Colossus, o mais camarada dos x-men, resgata Wade de sua jornada de autodestruição e o junta à equipe do Professor Xavier, só que em sua primeira missão, o mercenário se depara com um jovem que se intitula “Firefist”, com quem, após ouvir sua história e acabar indo preso junto, desenvolve uma relação de amizade baseada na total falta de noção. Nesse exato momento, mas no futuro (por menos lógico que isso pareça), o misterioso e letal Cable (Josh Brolin) se prepara para retornar para o passado, para se vingar do responsável pela morte de sua família, o psicopata conhecido como ... “Firefist” (ele mesmo, o moleque esquentadinho). Resta então a Deadpool formar uma equipe de “elite” para resgatar o jovem amigo e convencer Cable de que o futuro pode ser mudado, com muito tiro, porrada, bomba e uma dose cavalar de humor negro.

O filme é muito bom, mas o que tem de melhor é que ele dá continuidade ao estilo que resultou no sucesso do primeiro e ainda cresce expandindo o universo centrado no protagonista, abrindo as portas cinematográficas e dando destaque a personagens intimamente ligados a ele nas HQ’s, como Cable e Dominó, assim como acerta em corrigir a imagem de outros personagens que, tais como  o próprio Deadpool em “X-men Origens:Wolverine”, foram sacaneados em filmes anteriores.

Quanto à introdução de Cable e Dominó no cinema, gostei mais da sortuda e carismática mutante do que do carrancudo viajante do tempo. Dominó tem uma crescente no filme bem bacana, onde surge na entrevista de candidatos para o time de resgate de forma despretensiosa, dizendo que a sorte a levou até ali e que esse era seu superpoder, levando a uma discussão infantil de uns três minutos com o protagonista, sobre o fato de a sorte ser ou não ser um superpoder; o que vemos ser comprovado, quando no ato do resgate, tudo que é preciso acontecer para que ela consiga sucesso, acontece mesmo e em cenas muito bem construídas e divertidas. Cable, por sua vez, embora não decepcione com a aparência idêntica a das HQ’s e seu estilo durão, e, tenha um bom motivo para voltar no tempo, deixa muitas questões em aberto, como, por exemplo: - Se qualquer um (pois ele parece ser um “qualquer um”) tem acesso a um dispositivo de volta no tempo, por que ninguém voltou antes e acertou o passado? Contra quem ele lutava no futuro? Ele é um mutante igual nos quadrinhos? Se sim, quais seus poderes, já que ele só aparece utilizando armas? Perguntas que não possuem respostas no filme e que parecem deixar o personagem um pouco solto; questões que podem vir a ser uteis quando se pensa que a origem do personagem pode ser melhor aprofundada no spin-off “X-Force” já confirmado pela FOX, mas que faz falta nesse filme.


Já sobre as correções com os personagens que foram injustiçadas antes, os grandes representantes dessa volta por cima que o filme oportuniza são o Colossus, que já havia ganhado um destaque no primeiro filme e que retorna ainda mais bacana e carola e o vilão Jugernaut ou Fanático (como chamamos aqui em terra brazilis) que surge como uma surpresa no meio da trama para incendiar a situação. Juntos, esses pesos pesados se destacam no terceiro ato em uma cena de porradaria com franca trocação, recuperando a honra de um Colossus que não tinha o menor carisma e que quase nem falava em “X-men 2 e 3” e que só apanhou em “Dias de umfuturo esquecido” e de um Fanático vergonhoso de “X-men 3” que só corria e quebrava parede, sendo derrotado pela Kitty Pryde e o sanguessuga.

Mas não podemos parar de falar dos grandes destaques do filme sem citar a “X-Force” formada no filme. Com mutantes de segundo escalão do naipe de “Zeitgeist” que vomita ácido (interpretado por Bill Skargard); “Bedlam” que cria um campo bio-elétrico capaz de influenciar máquinas e o cérebro humano (Interpretado por Terry Crews); Peter, que é só um cara normal, além de ShatterStar e Vanisher, a equipe se apresenta como o grupo mais fadado ao fracasso e azarado de todos os tempos e sem o menor motivo para ir lutar, em uma ponta (por assim dizer) que consegue ser a coisa mais frustrante e ao mesmo tempo a mais genial aula de humor negro da história dos filmes de super-heróis, me arrancando gargalhadas de nervosismo. (Não estragarei a surpresa, mas só digo uma coisa se tratando da “X-Force”: Não acredite nos trailers).

Mas apesar de tudo de bacana que o filme tem, ele possui seus defeitos. O maior, a meu ver, como citei acima, são as motivações de alguns personagens, tais quais os membros da primeira formação da “X-force”, que vão surgindo após uma anuncio e partem para uma missão maluca de resgatar um desconhecido de um comboio que leva os mutantes mais perigosos para ser congelados em animação suspensa sem a garantia de uma recompensa ou mesmo de vida; coisa parecida que acontece com o Fanático, que se apega ao jovem Firefist e resolve ajuda-lo a se vingar sem nenhum retorno aparente, isso tudo sem contar que uma das cenas pós-créditos destrói todo o crescimento que o personagem tem durante a história e até a decisão de Cable em ficar no presente, mas que mesmo assim, é muito bacana. Mas o que eu queria né? É um filme do Deadpool, constância e sentido não são os primeiros itens que devem ser levados em conta e sim o sangue e a zoação e nessas questões, o filme não erra em nada.

“Deadpool 2” é tudo que foi prometido na cena pós crédito do primeiro filme e em seus próprios trailer (menos no que diz respeito a X-force), sendo melhor que “Guerra infinita” , “Jogador n°1” e ficando abaixo de “Pantera Negra” apenas por não transmitir uma mensagem tão poderosa quanto a do filme do rei de Wakanda e trilhar o caminho da zoeira. Um filmaço que consegue misturar com pontualidade humor e ação, se tornando o segundo melhor filme dentro do universo mutante (depois de Logan) e certamente o mais maluco e divertido filme baseado em quadrinhos de 2018.



quarta-feira, 2 de maio de 2018

VINGADORES: GUERRA INFINITA (2018) ou, Thanos: O filme








  Em mil novecentos e noventa e nove, o marcante Agente Smith proferia em “Matrix” uma frase que ecoaria anos a fio na cultura pop, que “O ser humano é um vírus” que pula de região em região devastando e consumindo todos os recursos até que não sobre nada, sendo a única solução para que o sistema se equilibre a total extinção do vírus. Anos depois, em 2008, quis o destino irônico que Keanu Reeves (O antagonista de Smith em “Matrix”) interpretasse Klaatu em “O dia em que a terra parou” ,um Alienígena, que se dizendo amigo da Terra, vem dar um fim à raça humana antes que ela acabe com todas as outras formas de vida do planeta. Então, Eis que quase vinte anos depois do Agente Smith e dez de Klaatu, outro vilão surge para ampliar as ideias de seus predecessores em níveis galácticos ao afirmar que “há vida demais no universo” e isso deve ser contido. Trata-se do ecoterrorista mais casca grossa que já nasceu ou, Thanos, o Titan Louco, para os íntimos, que chegou aos cinemas nesse último dia vinte e seis de Abril para bater de frente com os “Heróis mais poderosos da terra” em um dos filmes mais esperados da década, trata-se de: “Thanos, O filme”, digo: “Gente de mais para duas horas e meia”, ou melhor, “Vingadores: Guerra Infinita”, filme dos irmãos Russo que (quase) fecha a “Trilogia” Vingadores.


  O Filme trás finalmente para as telonas, os plano de Thanos de reunir as joias do infinito e colocar em prática sua ideia de dar equilíbrio ao universo... aniquilando metade da vida existente nele! (É isso), junto disso, dá sequência aos acontecimentos que envolveram os vingadores (ou aos personagens que faziam parte desse grupo) após a “Era deUltron” e “guerra civil”, unindo em um único filme (quase) todos os super-heróis do universo cinematográfico Marvel.

   Pois então, saí de casa com a expectativa lá em cima, havia assistido à “Pantera Negra” um mês atrás, fato que renovou minha fé nos filmes baseados em quadrinhos, estava levando meu filho de quatro anos pela primeira vez ao cinema e veria Thanos em ação de verdade depois de quase seis anos. Mas ao final das quase três horas , salvo muitas cenas divertidas de ação e do apelo visual que o filme tem, saí com a irônica sensação de que, justamente na história onde o maior vilão da Marvel tem por objetivo encontrar o equilíbrio para o universo, a história que me foi apresentada não estava perfeitamente calibrada.

   Quem sou eu para contestar os planos do Thanos do filme! Eu trabalho com contabilidade, estoques e compras, e, já fiquei parado na fila “expressa” do Supermercado esperando a caixa trocar o rolo de papel da máquina registradora mais de uma vez, ou seja, também acredito que se metade das pessoas não existisse, o universo entraria em equilíbrio, mas eu não sou ninguém... Thanos, ao contrário de mim, é um alienígena com centena de anos e uma das criaturas mais poderosas do Universo Marvel, que têm (ou deveria ter) objetivos e questões que vão além da compreensão e sentimentos humanos, então apresentar o cara como um ecoterrorista que se acredita iluminado pela certeza de que o universo, com a quantidade de vida que possui, irá ruir e para gerar o equilíbrio necessário precisa mandar 50% das formas de vida para a terra dos pés juntos, mas mesmo assim tem espaço em seu coraçãozinho para o amor, me parece uma ideia não tão bem executada de tornar o vilão compreensível e carismático. Thanos, para funcionar, deveria parecer caótico para nós e plenamente crível e competente para si e quem o conhece melhor, uma mistura de inteligência indiferente, força destruidora mas controlada e imponência, mas embora eu perceba isso, também não sei como faria isso em um filme PG13, mas como já falei, eu sou um ninguém, não um estúdio bilionário.

  
O protagonista
Essa ideia de dar destaque ao vilão, para, entre outras coisas, marca-lo na história do estúdio, assim como a concorrente fez com o Coringa de “Batman: Cavaleiro das trevas” tirou o foco dos quase trinta heróis que aparecem em cena, reduzindo quem dá nome ao filme a meros coadjuvantes de luxo, com quase nenhum aprofundamento e isso me incomodou bastante. Mas mesmo com essa predileção do roteiro pelo vilão, o filme está longe de tropeçar e encontra espaço para que alguns dos personagens mais queridos da gurizada brilhem quando se torna preciso, como o caso do Homem-Aranha, que trás , assim como em “guerra civil”, aquele espirito moleque para trama, o que além de empolgar com sua presença em cena, faz com que nos preocupemos com qualquer coisa que possa vir a acontecer com o jovem Peter Parker; Outro que se destaca também é Dr. Estranho, principalmente na épica batalha em Titan, com o feiticeiro supremo, mostrando que desde seu filme solo andou elevando seu nível para fazer jus a seu título e deixando em aberto um possível plano para o próximo filme.

  
"Uma mistura de anjo com pirata"
Quanto a experiência que o longa me trouxe, longe de mim dizer que o filme é ruim, pelo contrário, o fato é que só não achei ele tão bom como outros que o estúdio já apresentou, como “Pantera Negra” e “Capitão América: Soldado Invernal” , talvez porque nessa nova história a Marvel pareça regredir novamente ao filme cheio de piadas e ação não expondo aquele sentimento heroico que estes outros dois filmes expuseram tão bem, ou talvez por se tratar de um filme para apresentar uma situação que será resolvida só depois (no exato 03.05.2019) em Vingadores 4. No entanto, sua ação constante, com cenas de batalhas épicas que se realizam no campo e na cidade, na Europa, África e América, na Terra ou Titan, prendem a atenção de qualquer um que vai ao cinema ver a pancada correr solta entre super-heróis x Alienígenas, sem dizer que os efeitos especiais conseguiram hipnotizar meu filho e deixa-lo com um sorrisinho no rosto, embora ele tenha cochilado um pouco quando o vilão começou a falar e a falar.

     Mas apesar de algumas escolhas de roteiro que não me agradaram por completo, como a tentativa de mudar o status do vilão para o de anti-herói, o pouco tempo para respirar e dar profundidade aos personagens em meio a tanta ação e a Scarlett Johansson loira e não ruiva, o filme entrega o que promete, principalmente quando o entendemos como uma ponte, feita para nos levar até, ao que parece ser, um final marcante dessa geração de dez anos de Universo compartilhado Marvel.  No entanto, vale a lembrança dos filmes que citei no inicio do texto e que tinham em comum além da ideia de que se livrar de uma quantidade de gente pode ser um benefício ao mundo ou universo, o apelo ao carisma do vilão como sustentação da história, o que acabou não funcionando em “O dia que a terra parou”, que é uma refilmagem de um filme clássico de 1951 e que não acançou o sucesso pretendido e as sequências de “Matrix”, que se perderam em si mesmas ao dar o peso maior que o necessário ao antagonista. Obviamente  Thanos e todo universo MARVEL estão anos luz em popularidade e qualidade que o pretensioso filme de Klaatu e comparando com "Matrix", todo o planejamento da franquia de 10 anos do estúdio Marvel deixa a história das Irmãs Wachowski no chinelo e certamente esse filme arrecadará uns dois bilhões de dólares, mas mesmo com toda empolgação e publicidade, sempre há o perigo de um tropeço justo na hora da cereja do bolo. Mas Fica agora a torcida para que a sequência de “Guerra Infinita” corrija as pequeníssimas falhas da história de 2018 e dê o protagonismo a quem da nome ao filme, antes que o grande final de uma história de dez anos, acabe virando pó.




segunda-feira, 16 de abril de 2018

UM LUGAR SILENCIOSO (2018)




  
  O barulho do trânsito, gargalhadas na mesa do lado, o telefone tocando, as pessoas falando alto, um copo se estilhaçando no chão, o filho chamando a todo o momento, o cachorro latindo, a música alta do vizinho. A vida é um turbilhão de sons tão altos e constantes que depois de certa idade, o silêncio começa a se apresentar como uma das mais belas melodias que se pode apreciar. Mas, e se a busca por essa ausência de som deixasse de ser uma fuga opcional e se tornasse a regra básica para sobrevivência?

  Pois o silêncio é o tenso fio condutor da trama de “LUGAR SILENCIOSO”, filme estrelado por Emilly Blunt, Millicent Simmonds, Noah Jupe e John Krasinski (que também roteiriza e dirige o longa) que estreou no último dia cinco de Abril aqui no Brasil e que vem deixando os espectadores sem palavras.

 
Krasinski e Jupe (não fala!)
O filme, que se passa em 2020, mostra um mundo devastado por misteriosas criaturas cegas e extremamente brutais, que atacam qualquer coisa que emita um ruído mais alto que um sussurro. Nesse mundo, encontramos uma família que, fugindo da cidade, parte para o campo para tentar sobreviver da melhor forma possível sem emitir um único barulho; mas os traumas de uma tragédia e a expectativa da chegada de mais um filho podem por em risco essa frágil segurança e atrair para perto seus maiores medos.

    O longa é uma grata surpresa em meio a mesmice de filmes de super-heróis e blockbusters descerebrados, apresentando uma trama original, concisa e extremamente tensa, que faz o expectador passar todo filme preso na cadeira com medo até de fazer barulho ao engolir a saliva. Comer aquela tradicional pipoca então, nem pensar!

   A história é simples, mas bastante profunda e lembra um conto curto no melhor estilo Stephen King ou H.P Lovecraft! Na verdade, guardados os estilos e peculiaridades desses autores, a história de “Um lugar silencioso” me parece uma acertada mistura de temas que esses dois autores sempre exploraram em suas obras; com toda ambientação e apresentação do cotidiano e os conflitos da família lembrando o que King mostra em algumas de suas obras, como em “O nevoeiro” ou “O cemitério”, e, o recorrente contato com o estranho e desconhecido, sempre presente nos contos de Lovecraft, que paralisa e enlouquece qualquer um.



  A trama lembra em parte, o filme “Sinais” do diretor Shyamalan, pela locação situada em uma remota fazenda ou pela situação de abandono em que os protagonistas se encontram e que não tem a origem revelada; porém seu clima de tensão remete mais ao novo estilo de suspense, que me parece ter em “Corra!”, de Jordan Peele, o maior expoente, devida à uma atmosfera  opressora que não dá pausa, apenas oscila.

   Essa semelhança com o sucesso de 2017 do diretor Jordan Peele, ainda parece mais justificada quando traçamos um paralelo entre os diretores, ambos conhecidos por suas carreiras em papéis em comédias (Peele por “ Key & Peele” e Krasinski por “The Office”) e surpreendentes na entrega de roteiros originais e marcantes, além de uma direção extremamente competente.

     
Blunt & Simmonds (quietinha)
Ainda falando de competência e surpresa, talvez essas sejam as palavras que definam o elenco, que brilha de acordo com a intensidade que a história permite. Começando pela a atuação do próprio John Krasinski, por ainda tê-lo na memória como o debochado Jim Halpert de “The Office” e o vê-lo convincente como um sério e preocupado pai que, em um mundo sem esperança, se propõe a fazer qualquer coisa para manter sua família segura. Outra maravilhosa surpresa é a atriz adolescente Millicent Simmonds, que é realmente surda, e que contando com suas expressões e muito talento consegue transmitir todo medo e revolta por viver em um mundo sem futuro e nele carregar uma culpa capaz de dilacerar qualquer pessoa.  Até mesmo jovem Noah Jupe, que tem o papel menos profundo na trama, consegue passar verdade com o pavor que mostra nos olhos ao se deparar com os monstros que cercam a fazenda e fazer com que nos preocupemos com ele. Já Emilly Blunt, por sua vez, só me surpreendeu, quando descobri que a química que ela apresentava na tela com Krasinski se devia ao fato deles serem casados na vida real, de resto ela repete a competência que a destacaram em filmes bacanas como “Sicário” e “No limite do Amanhã”.   

    Gostaria de falar muito mais do filme, mas sou consciente que FALAR demais sobre essa obra, pode estragar a experiência. Só posso dizer que “Um lugar silencioso” se tornou para mim um novo clássico de maneira quase instantânea. Apresentando uma história que não debocha da inteligência do espectador, mas que nem por isso é rasa ou pouco relevante. Aposta na tensão constante, mas reserva momentos de pura emoção e sentimento, agradando tanto pela química que mostra entre seus personagens, quanto pela inovação com que a história é contada. Um conto de terror com traços dos grandes mestres, mas que fala por si mesmo até quando ninguém em cena profere um único som e que, de maneira sútil, nos faz sermos gratos pelos sons de vida em nosso redor.



domingo, 8 de abril de 2018

PANTERA NEGRA (2018)






    Tenho imensa dificuldade de escrever sobre o que, a mim, se encontra muito acima da média. Por esse motivo, dentro dos estilos que me atraem mais, nunca escrevi sobre o livro “1984” e os filmes “Batman: Cavaleiro das trevas” e “Capitão América: Soldado invernal”. No entanto, existe casos tão extraordinários que mesmo sabendo da minha inabilidade em abordar os porquês de sua real relevância, é impossível não registrar minha rasa opinião.

  Uma dessas exceções é o filme de maior sucesso do ano, que, além de levantar a autoestima de um público que se via apenas como coadjuvante, vem colecionando recorde atrás de recorde e mostrando que o tido como “exótico” ou fora do padrão, quando trabalhado com talento e honestidade podem ser a receita do sucesso. Trata-se de “PANTERA NEGRA”, o décimo sétimo filme da Marvel, Dirigido por Ryan Coogler e estrelado por Chadwick Boseman, Lupita Nyong’o, Michael B. Jordan e grande elenco, que chegou de forma sorrateira e mostrou suas garras ao mundo.


O filme dá sequência a história do príncipe T’challa (Boseman), o Pantera negra, apresentado em “Capitão América: Guerra Civil”, com o herói retornando à seu reino, a misteriosa e desenvolvida, embora dissimulada como país de terceiro mundo, Wakanda; para enterrar seu pai, morto durante a trama do terceiro filme do líder dos vingadores,  dar inicio aos rituais de sua coroação e  tratar de assuntos  de interesse do estado como  a captura do inimigo número um do país, Ulysses Klaue (Andy Serkis). É durante essas suas  obrigações que T’challa  se vê diante de um antagonista à sua altura e uma verdade capaz de o fazer questionar os valores que fazem um rei.

  O Filme consegue dar sequência aos já habituais sucessos da Marvel, ao mesmo tempo em que inova ao apostar em uma trama mais séria mirando em assuntos  como a questão da crise dos refugiados, racismo e representatividade, mas sem com isso perder nada em diversão e ainda, de quebra, apresentando uma mitologia jamais antes mostrada com o valor merecido, e que disse a quem quis ouvir, com o sucesso do filme, que deve continuar sendo explorada.

   Essa mitologia, que dá  protagonismo as cores e ritmos da África, é em grande parte o segredo do sucesso do filme. A cultura africana, que sempre foi, de forma preconceituoso, tida como algo de segunda linha e de menor valor para uma sociedade que sempre foi norteada por padrões europeus e que vem sendo descoberta como rica e digna de orgulho pelas novas gerações, se une a ficção científica e uma trama de espionagem para colocar na tela um filme onde o negro é protagonista de sua própria história e capaz de a resolver sem o intermédio de nenhum salvador externo seus problemas e os de quem os cerca.

   Mas para uma trama que fuja tanto do padrão habitual fazer o sucesso que o filme vem fazendo, ainda mais dentro do universo dos super-heróis onde a representatividade ainda é mínima, é necessário um elenco capaz de fazer com quem assista ao filme acreditar no que está vendo. E isso é uma das maiores certezas do filme e o segundo motivo que levaram “Pantera negra” a se tornar uma das dez maiores bilheterias de todos os tempos. Com atores do nível de Chadwick Boseman , Lupita Nyong’o,  Michael B. Jordan, Danai Gurira, Daniel Kaluuya,  Forest Whitaker entre outros, representando personagens imponentes e orgulhosos, sem dizer que tridimensionais e sem a mínima carga de submissão a uma sociedade que os subestima, fica ainda muito mais fácil ao filme divertir, ao mesmo tempo que passa uma mensagem sutil de amor  próprio e orgulho das raízes, sem precisar diminuir caricaturar ninguém que é diferente.

  Sabendo do segredo do sucesso do filme, que, como já disse, a meu ver, são resultado da química entre a mitologia apresentada e o elenco de talento, não posso deixar de falar também de outras três peças chaves em “Pantera Negra”, que são o protagonista que se impõem sem precisar sabotar os demais personagens, O vilão que consegue passar uma mensagem a ponto de ser compreendido e a força das personagens femininas que sustentam a trama.

   Sempre fico feliz quando a trama não mima o protagonista, precisando diminuir os que o rodeiam para eleva-lo e, em “Pantera Negra”, isso acontece abertamente. A história protagonizada por T’challa se mantém forte, mesmo quando ele não se encontra em destaque, mas quando o mesmo está em cena, consegue impor sua força a ponto de se tornar marcante, tanto através dos conceitos e valores que formam o personagem, quanto pela imagem do herói e da  atuação bem a vontade que Chadwick Boseman consegue transmitir.

  Quanto ao vilão Erick Killmonger , interpretado por Michael B. Jordan (que mesmo com tudo que faz, o vejo mais como antagonista), O fato de começar em um papel secundário dentro dos próprios opositores do protagonista na trama  e ir crescendo a ponto de se tornar um oponente à altura do herói e com motivos críveis, como a vingança pelo pai e a revolta por ver seus iguais abandonados por Wakanda, quase fazem que esqueçamos seu extremismo e violência, só relembrando nas cenas finais do filme, mas que são abafados, ao término da história, por uma das frases que o filme deixou marcada, colocando Killmonger como um dos antagonistas memoráveis do cinema atual.

"Jogue-me no oceano com meus antepassados que pularam dos navios, porque sabiam que a morte era melhor do que a escravidão." Killmonger

   Em terceiro, mas não menos importante, temos a força feminina presente na trama. E que força! Não é preciso muita atenção para ver que as mulheres dão o movimento ao filme. Seja com a inteligência de Shuri, a irmã caçula do agora Rei T’challa, que cria diversos dispositivos de espionagem ao herói, além de ser o personagem responsável pelo bom humor e uma pitada de inocência na trama, colocando alguns sorrisos e nós  na garganta de quem assiste ao filme. Do mesmo modo temos Nakia (Lupita Nyong’o) que embora interesse romântico do herói, não se limita ao papel de donzela apaixonada e além de colocar a mão na massa, trabalhando como espiã e guerreira, ainda trás para o herói, questionamentos quanto ao posicionamento do país frente aos problemas do mundo e tomando para si a responsabilidade de defender o reino, quando Killmonger surge e T’challa some. Também não podemos deixar de falar das Dora Milage, A guarda pessoal do rei de Wakanda, composta só por mulheres, que tem na general Okoye (Danai Gurira) seu principal nome; é ela que tem grandes cenas de ação, como no Cassino clandestino e na perseguição de carros pelas ruas de Seul, mas que também empresta força dramática ao demonstrar, após metade do filme, o peso da dedicação total ao estado que o cargo exige e que simboliza o sacrifício de algumas escolhas exigem, situação que  fala ainda mais alto observando sua condição feminina e os desafios e obstáculos que nosso mundo impõem às mulheres fortes.
  
Nakia & Shuri
    “Pantera Negra” é um sucesso de público e critica. Surpreendeu o mundo ultrapassando a marca de um bilhão de dólares arrecadados ao redor do globo e reafirmou o orgulho de um publico acostumado a se ver no cinema como elenco de apoio ou vilão, quase sempre marginalizado ou precisando de ajuda. Tornou-se uma marca no cinema e símbolo de orgulho ao mostrar para sociedade que filmes de pessoas negras, onde a eterna luta para se destacar contra o preconceito não é o assunto principal, mas sim uma trama onde o negro, visto como pessoa, seja dono de sua história com altivez e orgulho, dá destaque ao estúdio e muito lucro, sem contar que gera a empatia em quem, antes não acostumado a assistir um grande filme ambientado na África (mesmo um África imaginária) agora enxerga com mais facilidade o negro em todas as facetas, seja de vilão, herói, piadista, cientista, rei ou soldado mas principalmente longe do estereótipo.

    Por essas e outras acredito que “Pantera Negra” já é o destaque do ano, mesmo que tenha estreado em Março e se causou certo desconforto em algumas mentes mais reacionárias que não conseguem admitir o empoderamento do negro devido a uma África fictícia, mas que vibram com sete reinos mágicos e Asgards encantadas, a mim só trouxe felicidade por tudo que expus no texto acima, me ajudando a desbloquear minha capacidade de escrever sobre algo que, a mim, está acima da média dentre seus iguais e afirmando a certeza de querer assisti a mais histórias de Wakanda e seu protetor nos cinemas em breve.  

 Wakanda Forever!