quinta-feira, 24 de maio de 2012

"Liderança" o ônus nosso de cada dia

 Uma coisa que sempre me fascinou foi a liderança. Quando eu era guri ficava admirado de ver nos quadrinhos como os personagens conseguiam impor suas perspectivas sobre a vontade dos outros, dessa maneira, sempre se escolhia o caminho que o Ciclope dos X-mem dizia ser o certo, ou que o Super mam , na Liga da Justiça afirmava. Na adolescência, comecei a ler romances e a estudar história romana e grega e me deparei com as mesmas situações, agora descritas nos mitos e lendas, tanto quanto nos personagens mais marcantes da história. Assim,comecei a me questionar sobre esse dom, esse poder de traçar caminhos ; isso ocorreu até eu começar a trabalhar, e ver que na verdade o dom e o talento são dez por cento e que fatores muito mais poderosos definem quem são os líderes e que a escolha desses, tem como função, mais a manutenção e estagnação da sociedade onde estão inseridos do que a evolução da mesma para uma sociedade aberta , livre e melhorada.
 Lendo, vendo TV, acessando a internet, trabalhando e estudando sempre nos deparamos com figuras que apontam rumos aos outros, em nossa cabeça, essa gente tem algo a mais que os difere totalmente do restante da população e que os coloca a frente, mas isso será verdade mesmo? e  se a visão dessas pessoas não é seguida por causa de seu carisma e sabedoria, por que então essa gente é seguida? Ao meu ver só há uma resposta: Padrão.
 As pessoas são relutantes em aceitar  o diferente. Dessa forma , alguém que pense, fale, tenha um esteriótipo totalmente oposto ao da maioria da sociedade não será aceito nem como parte relevante , e muito menos como figura que possa indicar caminhos a um grupo  verdadeiramente expressivo, dessa maneira as únicas pessoas que podem assumir uma posição de destaque frente as outras têm em si uma série de características que justificam sua liderança . abaixo seguem algumas destas, muito facilmente observável em qualquer setor da sociedade:
Preconceito
Se você entra em um grupo, sempre terá destaque se demonstrar com mais coragem os preconceitos  cultivados por todos de modo secreto, e que são frutos de uma educação social defeituosa, mas orgulhosa. Sendo assim, quem tiver coragem de ,além de confessar que não gosta de gays e negros, ainda pronunciar em voz alta, dando razões para tal  baseadas em pseudo-ciência, religião ou ética torta, para tal antipatia, rapidamente ganhará destaque no grupo.
Religião
As pessoas são desconfiadas umas das outras, isso se dá porque não se pode prever o que alguém com vontade e gostos próprios está pensando em fazer. Mas Deus é diferente, em nossa cultura nosso Deus é totalmente pessoal e sempre nos apoiará(por mais estupidas que sejam nossas decisões) tornando essa entidade mais reflexo nosso do que o inverso., sendo assim, uma pessoa que usa a fé para justificar seus atos e aponta, com um discurso inspirado ,como errada as religiões e costumes religiosos diferentes da sua, encontrará nas cabeças mais fracas e emprisionáveis o  perfeito proto da massa de manobra.
Sexismo
Nossa sociedade é machista. Baseamos nossa cultura na “proteção”  da mulher e antes disso de nossa “honra”. No conceito mais básico do machismo, as mulheres devem servir ao homem; ou como dizia Nietzsche:
“ O homem deve ser treinado para guerra e a mulher para o descanso do guerreiro.”
 Dentro de um grupo onde a masculinidade deve ser afirmada de todos os modos, ver a mulher como objeto que tem seu papel baseado na obediência , castidade , moderação torna-se obrigação de quem quer estar a frente dos outros, dessa maneira desdenhar o profissionalismo feminino, o modo como se portam, definir a personalidade , o peso, julgar pela aparência e exigir requisitos (como virgindade e passado “limpo”) são pontos de vista compartilhados por pessoas que sonham em alcançar tal status.
Esteriótipo
Quando você vê um boneco de pauzinho, como aqueles que agente desenha quando é criança, se sabe na hora que ele é branco, cabelo escuro, altura mediana, idade entre vinte e cinco e trinta e cinco anos, sem barriga, fala bem, é protetor e tem bom hálito. Isso se deve porque em nossas mentes esse é o esteriótipo mais básico,Quando queremos desenhar um boneco negro, adicionamos mais características, como cabelos enrolados e lábios grossos, assim como um oriental sempre leva um chapéu de plantador de arroz, nos sentimos mais seguros com os esteriótipos predefinidos, porque a sociedade diz que esse era o jeito certo de ser ( isso mesmo, para a sociedade existe um modo certo de se parecer...e quase nunca é a sua) . Por isso, a maioria dos líderes tem o mesmo biotipo, um padrão de aparência, que com a personalidade e a mídia correta podem transformar qualquer cabo do exercito em ditador da Alemanha.
 Com esses exemplos de padronização do líder, consegui ver que é a sociedade que escolhe quem deve governá-la de modo a não sofrer alterações ,a não se modificar, não existe salvador escolhido, mas sim um agente de manutenção, que é usado pela sociedade ou organização para que esta  perpetue seu modus operandi . Não existe realmente quem motive, nossas verdadeiras motivações já estão dentro de nós, e são reveladas quando escutamos alguém falando a todos uma coisa que sempre pensamos e que é o reflexo da sociedade onde estamos inseridos. Em cima disso podemos atestar que a liderança nada mais é do que a soma dos preconceitos e medos aditivados pela aparência correta, dentro de uma época propícia .
 Você quer algo novo, quer liberdade? Então siga aqueles que parecem diferentes, pelo menos para poder , se for o caso, confirmar suas certezas. Os verdadeiros responsáveis pelas mudanças nesse mundo não foram líderes populares, pelo contrário, na maioria das vezes foram pessoas reclusas que tiveram apenas a si mesmo para contar em grande parte de suas vidas, mas que conseguiram abrir a mente de todos quando revelaram , não a si, mas suas ideias, por isso eu digo , não siga esteriótipos e verdades absolutas, siga ideias novas e sentimentos verdadeiros, seja seu próprio líder e trasse seu destino. Caminhos já traçados são sempre desgastados e cercados de natureza morta. Merecemos muito mais do que ser massa de manobra.
ANARQUIA




quinta-feira, 10 de maio de 2012

o Feliz é ter final

    Ela cortou o cabelo, mas o cheiro, ah o cheiro!!, esse era o mesmo ainda. eles estavam na cama, na verdade um colchão no chão, um colchão que foi de uma cama box que eles compartilharam por mais tempo que deveriam, um colchão que agora era dela para deixar deitar quem ela quisesse e naquele sábado ele era o sorteado.
   Ela estava de costas para ele, estava em posição fetal. ele estava com a mão em sua cintura, fazia carinho enquanto sentia seu perfume, um perfume que trazia todas as lembranças, as boas e as ruins, sabia do que poderia acontecer, dos riscos que sofria, da dor que estava plantando em si, mas não se importava, só queria estar ali. ele estava realizado. estava feliz.
Ela disse que tinha um aperto no peito, que descobriu suas histórias de solteiro, ele disse que isso não era importante, que ninguém era mais importante (ele sempre teve uma veia de cafajeste) e que queria estar ali e que lá fora era outra história. ela virou-se e o beijou lentamente, na verdade apenas encostou os lábios e deixou o carinho ser transmitido.
Se amaram!!
   O dia veio, assim como a morte vem mais cedo ou mais tarde, Eles se despediram como amigos, não, na verdade eles se despediram como conhecidos, pois era o que eram agora. Há noites que revelam mais sobre uma pessoa do que três anos de convivência. Ele saiu e a porta atrás de si se fechou. ele não olhou para trás e nem ela abriu a porta novamente.