terça-feira, 31 de maio de 2016

ALIEN (1979) - Ou Ripley e os Trapalhões no espaço

Da esquerda para Direita: Ripley, Didi, Mussun e Dedé

Estava revendo "Alien" de 1979 nesse último domingo e acabei fugindo um pouco do foco da história, que é muito legal, e batendo de frente com muitos detalhes que refletem o zeitgeist do momento em que o filme foi realizado e que , hoje em dia, é impossível não achar engraçado.

       
Jones, o oitavo passageiro
Para começar pelo nome do filme, que no Brasil tem o péssimo subtítulo "O oitavo passageiro", se referindo ao alienígena. Quem colocou esse subtítulo não assistiu ao filme antes, porque o alienígena não é o oitavo passageiro e sim o nono! O oitavo passageiro é um gato (jones) que habita a nave, porque se um alienígena que invadiu a nave é considerado passageiro, porque não o gato? Então, ou o filme é sobre o gato (que é o oitavo passageiro), ou deveria se chamar "Alien, o nono passageiro" ou "Alien, o clandestino" !! E falando sobre o coitado do Gato, quando o filme começa vemos a tripulação sendo despertada da animação suspensa e sete cápsulas se abrindo, mas não vemos uma pequena capsula em parte alguma, o que nos faz pensar que o gato não estava dormindo e sendo assim, do que esse bendito gato se alimentava? Ratos espaciais?! Ou será que é um robô? Nunca saberemos!E no final o gato é injustiçado, porque fica vivinho, mas a Ripley se diz a única sobrevivente da Nave comercial Nostromo, sacanagem com o bichano!

Outro ponto que chamou minha atenção é a total falta de profissionalismo e foco da tripulação da Nostromo, sendo os mecânicos Bret e Parker os maiores exemplos disso. Os mecânicos são as pessoas menos profissionais e mais desleixadas, gananciosas, enrolões e chatos do universo; não respeitam ninguém nem nada, seja hierarquia, seja o tempo ou perigo, nada é motivo para tirar o sorriso maroto de seus rostos e a oportunidade de buscar ganhar o dobro do combinado em contrato, tanto que por esse descuido que um deles é a primeira vítima do Alien (ou segunda), fico pensando quais as qualificações desses caras para eles irem ao espaço? No currículo dos tripulantes da ARES-3 do livro "perdido em Marte", um era médico, especialista em AEV's e logística, outro engenheiro mecânico e botânico, e outro doutor em química e pós doutor em física; Os mecânicos da Nostromo tem o que no currículo? Curso de mecânico de desmanche dos anos oitenta?!

Café o que move os astronautas
 
   
Mas os mecânicos não são os únicos não profissionais do filme, a tripulação toda parece ser de amadores. Isso se mostra na displicência onde todo mundo passa o tempo todo fumando e tomando café, seja na mesa de controle da ponte da nave, seja na sala do computador central e na sala das máquinas; parece que sempre que há uma decisão a ser tomada uma caneca de café surge na mão do personagem e quando há um momento de relaxamento ou tensão, surge um cigarro (Até quando um alien sai do peito do imediato da nave), isso quando não aparece uma lata de cerveja descaçando sobre uma bancada ou computador.



   E o oficial médico então? Ash, que é o responsável pela ala científica da expedição parece nunca ter ouvido falar em contaminação e EPI's; depois de retornarem da verificação de um planeta com um suposto sinal de vida, tendo o imediato Caine sido atacado por um organismo alienígena que se fixou em seu rosto, mais tarde quando descobre que o organismo se soltou do rosto do colega, chama Ripley e Dallas (o capitão), para capturar o bicho sem uma roupa de proteção ou arma e depois analisa os restos da perereca que fica preza na cara de Caine bem de pertinho, sem nenhuma máscara ou óculos de proteção mesmo sabendo que o bicho soltava ácido capaz de derreter o casco da nave, tenho certeza que ele fez faculdade de medicina e ciências à distância, ou é um robô mal programado (acho que a 2° alternativa).


venha para a luz Dallas
    Mas o mais legal é a tecnologia "retrô-futurista" do filme. Isso ficou datado porque em 1979 ninguém tinha a ideia de tecnologia digital ou da evolução dos computadores, e embora não tornem o filme menor, não diminui a graça que é ver os tripulantes rodeados de luzinhas e apitos a cada botão que apertam. O próprio computador central é praticamente uma árvore de natal cheia de pisca-piscas e com um monitor de 10 polegadas por onde o sistema analisa e administra a viagem, já o módulo de resgate não comporta quatro tripulantes, mas a tripulação é de sete...ou seja, a empresa conta que, em caso de acidente, pelo menos metade do grupo morra no espaço (top 10 das melhores empresa para se trabalhar). O pior é quando a tripulação vai caçar o Alien! Os caras tem a brilhante ideia de assustar o bicho com fogo...Isso mesmo, FOGO em uma nave no espaço! Poxa, se alguém viu "Gravidade", sabe que fogo e espaço não combina, o que me faz pensar que essa empresa proprietária da Nostromo não tinha certificação nenhuma e nem um técnico de segurança responsável e isso fica claro quando conhecemos a sala de máquinas da nave, que é um amontoado de canos, tubos, fios e grades que vaza vapor e faíscas como se fosse uma metalúrgica de fundo de quinta que não é nem ao menos iluminada, sendo cheia de sobra e penumbra e até infiltração. Não surpreenderia se descobríssemos que a Nostromo é movida a carvão ou lenha.

Ripley e seu permanente
   
   Por último não podemos deixar de falar do visual dos personagens e de novo temos que começar pelas grandes estrelas desse filme: Os mecânicos. Bret e Parker tem o visual futurista mais retrô e brega da galáxia; Parker usa uma faixa na cabeça no melhor estilo movimento negro dos anos setenta, está sempre com uma caneca de café ou lata de cerveja por perto, é indiferente e debochado, muito suado e sempre influenciando o colega Bret. Esse por sua vez é um preguiçoso e omisso, usa um boné de mecânico, cigarro no canto da boca e camisas de havaiano, sempre pedindo para o colega mais articulado falar por ele. O comandante Dallas usa um cabelinho cogumelo e uma barba desenhada, uma jaqueta de couro remangada, uma caneca de café e muita falta de liderança e compromisso com a missão, tanto que ao descer no planeta ele põe toda a tripulação em risco ao não cumprir as regras de quarentena depois que Caine é contaminado pelo Alien, e, para fechar os grandes ícones dos anos 70 e 80, temos o permanente da Ripley, que chega e domina onde quer que seja, penso até que o motivo do Alien persegui-la durante toda trilogia seja por inveja de sua bela e vasta cabeleira.

Ok. Eu sei que o que falei acima é um amontoado de bobagens que beira a blasfêmia se tratando desse grande clássico, mas não consegui deixar passar em branco. O filme é genial, mas fede a anos oitenta, a malandragem e marra dos personagens, os cortes de cabelo, a tecnologia retro, mas o mais louco é que nada disso diminui o filme, pelo contrário, depois que observei isso passei a dar mais valor ainda a obra por seu valor histórico, por ser inovador e clássico sem deixar de ser uma marca de uma época . Prometo escrever uma resenha séria de "Alien, o nono passageiro" em breve, mas a partir de hoje , sempre que me ver rodeado de colegas em uma mesa e tiver uma caneca de café em minha mão, ou em casa quando uma cerveja descansar ao lado do meu PC, vou me sentir como um viajante espacial.



Um comentário:

  1. Amei o elenco do filme sobre tudo Sigourney Weaver. Sem dúvida eu ancho que tudo mundo deveria conocer a história 7 Minutos depois da meia noite é uom dos melhores filmes com Sigourney Weaver, se tornou em uma das minhas histórias preferidas desde que li o livro, quando soube que seria adaptado a um filme, fiquei na dúvida se eu a desfrutaria tanto como na versão impressa. Li que Juan Antonio Bayona foi o responsável e fiquei muito satisfeita com o seu trabalho, além de que o elenco foi de primeira. De verdade, adorei que tenham feito este filme.

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