quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

STAR WARS VII: O despertar da força (2015)

Felicidade ! Foi esse sentimento que o episódio VII de Star Wars despertou em mim. Tudo o que eu queria estava ali naquelas duas horas e quinze minutos de filme; personagens carismáticos, uma trama pertinente e princialmente, muito respeito a série clássica, mas sem por isso encher o filme de referências, fato que faz o filme se sustentar sozinho, isca perfeita para quem queria ver o filme mas não havia assistido os anteriores. Saí emocionado do cinema e contando os dias para assistir aos próximos episódios.

Minha felicidade foi tão grande que não quis escrever nada logo em seguida, preferi deixar a empolgação baixar e depois ir analisando os pontos fortes e fracos do filme para poder traçar uma opinião mais sensata, mas como já se passaram três dias e eu continuo empolgado e remoendo na minha cabeça as cenas marcantes, resolvi escrever assim mesmo. Vamos então falar de Star Wars VII: O despertar da Força.

Dirigido por J.J Abrams, que também assina o roteiro junto com Lawrence Kasdan, o filme se passa trinta anos após os eventos de "O retorno de Jedi", onde o império galático é derrotado pela aliança rebelde e o imperador Palpatine morto. Nessa nova história somos apresentados a Rey, uma misteriosa catadora de sucata moradora do planeta Jakku, a Poe Dameron, o melhor piloto da ,agora chamada, resistência e a Finn, um desertor dos Stormtroopers, criado desde bebê para servir aos ideais da misteriosa primeira ordem, um grupo poderoso que busca derrubar novamente a república e instaurar uma nova ditadura baseada nas ideias de seu misterioso líder chamado apenas de Smoke, que tem como aprendiz e braço direito, o misterioso Kylo Ren.

Dessa vez não vou dar Spoliers, o filme é tão bacana que, mesmo empolgado, não quero estragar a sensação de assisti-lo sem saber nada. Como já disse vou listar algumas coisas que achei positivas as poucas que não achei grande coisa, mas que mesmo assim não atrapalham em nada o filme.


Tudo que há de bom

Com certeza o grande ponto positivo do filme (como de todo bom filme, a propósito!) são os personagens. J.J Abrams consegue nos entregar personagens centrais muito bem construídos e matar a nossa saudade da personalidade dos personagens da trilogia clássica. Através dos olhos desses novos personagens, dois em especial (Finn & Rey) somos apresentados a situação atual da galáxia e a relação e decisões de ambos são o que movem a história. Rey é uma solitária catadora de sucata em Jakku, um planeta inóspito, é ela o grande enigma da trama ( quem é Rey?), lutando pela sobrevivência desde menina, a vida dura não tirou dela a vontade de fazer a coisa certa, o que a leva ao encontro de seu destino junto à resistência. Finn por sua vez é o olhar de quem desperta de uma realidade que percebe não ser a certa e que, mesmo repleto de medo, não se acovarda, suas tiradas cômicas são muito legais, dando um alívio cômico a situação sem tornar o personagem em alívio cômico, o que faz acreditar nele quando a situação pede.

Além de tudo, Rey e Finn tem um papel muito importante dentro dessa nova saga, que é a representatividade. Desde que o roteiro foi parcialmente divulgado surgiram protestos por parte dos fãs (poucas graças a força) que criticavam o fato de os novos protagonistas serem um homem negro e mulher, presentas representativas que eram quase nulas nos filmes anteriores e que dessa vez chamam a atenção sem interferir em nada na trama, na verdade apenas a enriquecem pois segue o espirito da história que diz que todos e qualquer um podem fazer a diferença, é o que acontece no episódio IV, quando um fazendeiro se torna o herói da galáxia, e isso me tornou muito mais fã da saga e deu um tapa na cara de quem acha que é dono da bola. A história de vida desses personagens também é importante, J.J faz algo maravilhoso ao dar rosto a figuras esquecidas ao longo da série, como quem vive em planetas pouco envolvidos com a trama central e dar voz a personagens tidos como descartáveis, como os Stormtroopers, isso dá uma nova perspectiva e gás à história.
A amizade e a química entre os personagens é algo muito legal e que também remete a trilogia clássica, onde todos os vínculos parecem acontecer de forma muito rápidas e espontâneas, mas que nem por isso pareçam artificiais. Isso me parecia meio forçado na trilogia clássica, ma o diretor conseguiu transformar os motivos em algo tão orgânico e natural, que até a amizade de Luke, han e Léia, na trilogia clássica, tornaram-se mais naturais para mim; Vivem-se momentos de guerra, na verdade todos esses novos personagens nasceram em meio à guerra e quando se encontram sendo vistos como pessoas e sendo bem quistos pelos outros, suas relações tendem a se tornar fortes e verdadeiras, tanto que nos sentimos felizes com seus reencontros e compartilhamos de seus medos quando se separam, é muito bacana!

A ação no filme é algo extasiante. Embora seja um filme que apresenta personagens e elementos novos, é uma continuação, então o ambiente de guerra já está estabelecido e somos jogados em cenas de ação fantástica de batalhas aéreas e de campo, sem contar o corpo a corpo com sabres de luz (muito foda!). Com habilidade, o roteiro faz um mix dos três episódios anteriores, com a apresentação da lenda Jedi, a seita Ren (que seguem os conceitos dos antigos Sith),uma revelação familiar, a ameaça de uma arma definitiva e as batalhas aéreas entre Tie-figthers e X-Wings; é pra prender um cara na cadeira!

O Pouco que me incomodou (mas me incomodou muito pouco)

Uma das coisas que me incomodou foi o status dos personagens clássicos. Fora Luke que se tornou um mestre Jedi e que carrega um fardo mais amargo do que de seu mestre Obi-wan ( desculpa o spolier, mas ele quase não aparece no filme) , Léia, Han e Shewbacca estão exatamente onde começam no episódio IV, fora o título de Léia, que não é mais princesa, seu propósito e ações tem o mesmo foco, a derrota de um inimigo sinistro e a restauração da república; Han Solo e Shewbacca novamente são contrabandistas e, embora carreguem o peso de ter pertencido a aliança rebelde, se aventuram no espaço buscando não se vincularem a nada, mas tal como no episódio IV recebem um chamado da situação para agirem e isso define seus destinos. Eu entendo que a trama diz que tudo é um ciclo, mas a situação desses personagens clássicos poderia ser um pouco diferente, de forma a mostrar uma evolução tanto deles quanto do universo onde estão inseridos. Outra coisa que espero que seja explicado nos filmes posteriores é a o surgimento da primeira ordem e dos Ren, isso é bom e ruim ao mesmo tempo. O bom é que torna mais perto da realidade a situação da derrota do império, óbvio que nem todo mundo ficou feliz com a queda do império galático e forças beneficiadas por vinte anos de ditadura, viriam a convergir para buscar estabelecer a ordem que lhes era mais conveniente, mas como que a república deixou a primeira ordem criar um poder de destruição e intervenção tão grande? Talvez se os rebeldes tivessem um talento político mais apurado do que o militar tal situação não ocorresse, mas isso ainda será explicado (assim espero!)

Outro ponto que eu já havia falado no post "Tudo que eu não quero no novo Star wars" eram os personagens pouco explorados, e isso infelizmente continua. Quando soube da presença de Max Von Sydow e Simon Pegg fiquei achei show, ambos são grandes atores, infelizmente a presença de seus personagens é mínima. O Pegg ainda é tranquilo, pois , assim como Daniel Craig, sua participação é apenas para ter o prazer de estar no filme, o rosto deles nem aparece, mas eu esperava mais de Max Von Sydow, por toda história e presença que tem o ator, sem falar da capitã Phasma, que tinha até um pequeno destaque nos trailers e que não dá um único tiro, servindo apenas como muleta para uma cena dramática e outra cômica de Finn, quase uma Bobba fet de saias. Mas assim como no caso da primeira ordem, ainda se pode explorar a origem e o destino desses personagens nos filmes posteriores e essa pequena lacuna não diminui em nada o filme.

Cara, que filmaço!! seria até ridículo eu indicar esse filme, pois ele é auto indicável. Não é por menos que está quebrando todos os recorde de arrecadação e acumulando críticas positivas e fãs por onde é assistido. Um filme bonito e empolgante, que respeita a trilogia clássica e não deleta a trilogia ruim (episódios 1,2 e 3), me colocou novamente no universo fantástico que havia me conquistado quando eu tinha seis anos, dando ares de modernidade à trama e abrangendo assuntos importantes da sociedade atual, como a representatividade e oportunidade, um trabalho primoroso de roteiro, direção e produção, que com certeza será mais um marco na história do cinema. Que venham mais episódios .

Que a força esteja com vocês !






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