domingo, 27 de dezembro de 2015

JESSICA JONES - A série



A DC tem muito a aprender com a Marvel! Eu sei que digo isso a cada  produção que a Marvel lança, mas fazer o quê? É a mais pura verdade! E foi exatamente isso que eu pensei ao terminar de assistir à “Jéssica Jones”, segunda produção conjunta entre a Netflix (essa linda) e Marvel (esse monstro sagrado).
Idealizada por Melissa Rosemberg e estrelada por Krysten Ritter, a série conta a história de Jessica Jones (é mesmo?!), uma ex aspirante a super-heroína, dotada de força sobre humana e capacidade de voo, ganhos em um acidente na adolescência, que após um grande trauma torna-se detetive particular e acaba sendo assombrada tanto pela culpa de seus erros, quanto pela uma psicopática figura  do passado (uuUUUuuuu que meda).


Cara! Eu gostei bastante da série, é claro que não teve o mesmo impacto em mim do que o Demolidor, até porque o demolidor tinha sofrido uma humilhação terrível nas mãos da fox e o resgate que a Netflix fez do personagem foi como uma virada aos quarenta e cinco com um gol de letra do zagueiro reserva (inesperado ao máximo), mas mesmo assim Jessica Jones me agradou bastante (foi um gol de cabeça do camisa 10) . A começar pela representatividade, eu sei que ando falando bastante sobre o assunto, mas é que eu acho importantíssima a ideia de dar voz e vez a personagens que não sigam o mesmo padrão recorrente, do homem, branco, hetero, ocidental, de trinta a quarenta anos e blá,blá,blá e nisso a série acerta em cheio, a protagonista é uma mulher, e mulher de verdade, que apesar de endurecida pela culpa e trauma não perde seu lado feminino e isso é bem bacana, porque a série não apresenta Jéssica como um homem de saia, ou como uma mulher perfeitinha, muito pelo contrário, há profundidade em sua personalidade e isso vai pouco a pouco se revelando quando conhecemos sua dependência pelo álcool, o trauma que carrega e que não a abandona e até seu pavio curto e ironia.  

Outro ponto positivo são os personagens coadjuvantes. Começando pelo grande vilão da série, Killgrave (a figura psicopática do passado), interpretado fodamente por David Tennant, ele é o melhor vilão do universo Marvel até agora, fazendo o Rei do crime parecer um menino chorão e Loki um playboy mimado. O cara é mau de verdade e inconsequente como poucos, seu poder de manipular as pessoas e sua personalidade doentia lhe torna omisso a culpa, fato que somado a seu carisma e sangue frio o colocam no mesmo nível de um coringa do Heath Ledger (sem falar no terno roxo), Luke Cage, que será o terceiro  personagem a ganhar uma série da Netflix também está muito bem representado por Mike Colter, o cara transmite carisma e seriedade, ficou longe do Luke Cage mais zoeiro que eu lia nas velhas revistinhas que a abril lançava por aqui nos meados dos anos oitenta, lembrando sim o Luke do selo Marvel Max; o tempo todo o cara é um cavalheiro (mas com aquele 1%) e o assunto que coloca o personagem no caminho de Jéssica é totalmente orgânico e deixa pontas soltas para serem exploradas na série do herói. Rachael Taylor, que interpreta Trish Walker , melhor amiga de Jéssica (que nas HQ’s é a heroína “Felina” (quem sabe, heim netflix?)), Eka Darville, que interpreta o drogado vizinho Malcolm, Wil Traval como Will Simpson (bazuca) e Carrie-Anne Moss, no papel da advogada Jeri Hogarth fecham os destaques do elenco, todos muito bem.

Aliás a presença de bazuca, faz um link direto com a série do Demolidor e uma possível “queda de Murdock”; do mesmo modo que deixa claro, junto com os traumas causados por Killgrave à protagonista que o tema central da série é o abuso. Frases recorrentes como “Tenho medo de encontra-lo na rua”, ou “Eu não era eu mesma...” dão o tom a série que o grande trauma de Jéssica (transformado em alegoria)  foi um relacionamento abusivo e isso se comprova quando surge o personagem  Will Simpson e este vem a se envolver com Trish Walker. No inicio do relacionamento Will se porta como um bem intencionado e arrependido sujeito, mas conforme a série avança vemos se tornar em um sujeito possessivo e violento, o que remete aos traumas da protagonista e quebra a empatia que temos pelo personagem a principio. Situação muito bem apresentada e explorada desde o primeiro episódio.

Mas o que eu realmente mais gostei da série, tenho que reafirmar, foi a protagonista. Estávamos com falta de uma personagem feminina forte e não sexualizada, mas não masculina; alguém em três dimensões, com problemas e relacionamentos críveis ( que se alternam entre cos e confusão e momentos de verdadeira cumplicidade). Dou grande crédito ao que a personagem transmite à escolha acertada de Krysten Ritter no papel de Jessica Jones, não que eu seja fã da atriz, na verdade só a vi em “Breaking Bad” e não me passava muita naturalidade, o que me fez ter um pouco de medo do que esperar dela na série, por sorte aquele cara nada simpática e olhos que parecem querer saber o que a outra pessoa está pensando combinaram com o papel e ela me convenceu.

A independência da personagem (embora existam pessoas que a cerquem) é muito bacana, e É isso que a DC deve aprender com a Marvel!! Existem problemas sérios acontecendo, mas não é necessária uma equipe de cientistas, hakers e sidekicks para dar apoio, como vemos em Arrow, Flash e supergirl (sempre a mesma coisa DC??), Jéssica tem seus problemas, seus poderes e seus métodos e isso já é mais do que o suficiente, além disso, como toda série de sucesso, o ser humano e seus problemas são o que movem tudo e o “super-herói” é colocado em segundo plano isso dá um ar de realismo fantástico à série e causa empatia em quem assiste, um grande acerto da Marvel herdado do Homem-Aranha do Sam Raimi.

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Outro ponto que a DC tem que aprender com a Marvel, é a utilização de personagens mais obscuros nas suas produções. Não sei quanto a vocês, mas eu não aguento mais produções com o Batman, Superman e Flash (e seu universo), a DC tem dezenas de bons personagens, como Hitman, Starman, a liga da Justiça sombria entre outros, mas parece presa a seus personagens mais icônicos, como os citados acima e quando tenta utilizar algum que foge de sua constelação central, temos produções capengas ou ignoradas, parece que a DC/Warner tem medo de jogar com cartas menores e fugir de sua fórmula de séries.

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O que parece motivo para a DC tremer parece ser o segredo do sucesso de “Jéssica Jones”. Assim como em “Os guardiões da Galáxia” o grande segredo da série foi o fato de o personagem ser muito pouco conhecido, o que favoreceu que os roteiristas não ficassem restritos demais a personalidade do personagem dos HQ’s e essa liberdade favoreceu a série, algo que seria pouco aceito em relação a um Wolverine ou Capitão América e que eu espero que a DC imite em seu “Esquadrão Suicida”.


Pois bem, gostei bastante da série “Jessica Jones”, embora eu sinta algumas pequenas quebras de ritmo durante a série, mas isso influencia muito pouco na trama, a qual eu achei bem concisa e me fez querer assistir ao próximo episódio assim que o que estava assistindo terminava e torcer por uma nova temporada. Grande trabalho de Melissa Rosemberg e de atuações primorosas como a de Krysten Ritter e David Tennant, mais um acerto da Netflix/Marvel que nos faz contar os dias pelas estreias de “Luke Cage” e “Punho de Ferro”.  Uma grande dica de diversão para quem tiver um tempinho para dar chance a uma série bem bacana e fora dos estereótipos e arquétipos tradicionais e uma grande aula de utilização de personagens obscuros a nossa querida DC comics.


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