sexta-feira, 18 de agosto de 2017

BABY DRIVER (2017) ou Em ritmo de fuga.



Já cantava o Rapper Xis que "A Fuga cinematográfica é pra quem pode" e eu comprovei essa afirmação do glorioso ex-participante da casa dos artistas essa semana, após assistir ao melhor musical de ação já escrito pelo diretor Edgar Wrigth e que me fez ter vontade de pegar meu velho Pálio 99 e sair cantando pneus pelas estradas da vida (isso se o carro passasse de oitenta km/h e se eu não o tivesse vendido). Trata-se de "Baby Driver", ou como ficou chamado aqui abaixo da amazônia meridional "Em Ritmo de fuga"; thriller estrelado pelo jovem Ansel Elgort, Jon Hamm, Jamie Foxx e grande elenco , que fez com que duas horas da minha vida passassem correndo tamanha diversão e se juntando a "Get Out" como uma das poucas coisas acima da média que vi no cinema nesse amargo 2017.

O filme conta a história de "Baby" (Ansel Elgort), um jovem motorista de Fuga que trabalha para uma organização criminosa especializada em grandes roubos que é comandada por "Doc" (Kevin Space). Após se ver livre da dívida que possuía com seu empregador, devido a ter roubado seu carro anos antes e , aparentemente , perdido uma valiosa carga; Baby, agora buscando um recomeço ao lado de Deborah (Lily James), é obrigado a fazer mais um trabalho com uma nova equipe composta pelo casal Buddy (Jon Hamm) e Darling (Eiza Gonzales) e o violento vida loka Bats (Jamie Foxx), sem saber se conseguirá ser tão rápido em fugir de sua vida antiga, como consegue ser quando é perseguido pela polícia.


Que filme bacana! Edgar Wrigth confirma seu talento como roteirista e diretor com uma obra que consegue ser original, mesmo fundamentada em uma tradição do cinema que são os filmes de roubo e fuga, ao inserir uma trilha sonora que se identifica quase como um personagem da trama, flutuando entre diegética e não-diegética o tempo todo e criando tensão e êxtase a cada cenas, chegando a ajudar a aprofundar e revelar um pouco da história do protagonista, inaugurando o gênero "musical de ação", do qual, por ser o primeiro, o próprio filme é o melhor.
Ainda sobre Wrigth, podemos dizer que o filme não funcionaria se não fosse por sua direção. O tom da história, que por momentos chega a ser violenta, mas não perde o bom humor; a montagem ágil e a fotografia remontam de forma clara aos demais filmes do diretor e tornam impossível que outra pessoa guiasse a obra sem que fosse o próprio Wrigth. Outro ponto positivo que faz com que o filme funcione é o ator Ansel Elgort, o cara é muito carismático e consegue transmitir esse carisma mesmo quando fica em um canto, de óculos escuros, em silêncio e ouvindo música (como na cena onde é provocado pelo personagem de Jon Bernthal) , ou quando toma a decisão de agir pensando em si e na namorada, ao final do filme.

Falando em ação, o Wrigth faz jus a sua linhagem de diretor inglês da nova geração, apresentando uma história ambientada no pequeno submundo, tal qual os primeiros filmes de Guy Ritchie e Matthew Vaughn, onde não existem grandes famílias criminosas, ou crimes megalomaníacos, mas o que não impede a apresentação de muita violência e, isso é mostrado de maneira , hora sutil, como quando um personagem simplesmente fala que se não o verem mais é porque ele morreu e , mais tarde, prestando a atenção, descobrimos que realmente isso aconteceu e quem fez; ou, de maneira crua, como quando Baby dá um fim no antagonista mais perigoso e sangue jorra na tela. Essa oscilação de tensão é essencial na construção da crescente do filme, que chega a seu auge quando o protagonista resolve dar um fim em sua antiga vida e enfrentar as consequências disso e , quando acontece, já estamos por completo a seu lado e vibramos com cada coisa que dá certo para ele.



Mas as verdadeiras estrelas do filme, sem dúvida, são as perseguições de carro. Tanto que até mesmo eu, que não sou nenhum aficionado por veículos automotores, fiquei com vontade de acelerar no meio do trânsito (vontade que me foi saciada jogando "Need for Speed" com meu filho (no play 2)). Embaladas pelas músicas presentes nos ipods do protagonista, temos cenas de ação onde a principal arma é o volante de um carro e as cenas são tão bem conduzidas, que mesmo longas, não parecem repetitivas ou cansam, outro mérito da montagem e direção.

Mas nem tudo é perfeito em "Baby Driver". Uma coisa que senti falta é um aprofundamento maior nos demais personagens, em especial ao do par romântico de Baby, Deborah. Não sabemos nada sobre ela, a não ser que teve uma mãe doente e que ela trabalha em uma lanchonete (e odeia isso), seu personagem é quase vazio de pretensões ou ambições, a não ser a única que combina com o protagonista, que é fugir da vida que leva, mas nada explica o que a leva a espera-lo (spoiler) por 5 anos, quando baby acaba preso ao final do filme. O próprio Doc e seu bando também sofrem desse mal, acabei o filme querendo saber mais sobre a história do personagem do Kevin Space, que chega a levar o filho de oito anos para investigar o lugar de um roubo, ou entender como o personagem de Jon Hamm, que , conforme Batts conjectura, poderia ter sido um alto investidor de Wall street, acabou assaltando bancos com sua striper preferida a tira colo. Mas, mesmo assim, quando a vemos a história do filme como um conto referente a um momento especifico na vida do protagonista, esquecemos esses por menores e vemos que, apesar de sua presença, não diminuem em quase nada a qualidade da produção.

Pois bem, eu poderia escrever um texto com o triplo do tamanho deste, falando de como o filme é divertido e destrinchando cada cena, mas isso acabaria com a experiência de quem pretende assistir ao filme, então vou seguir o exemplo de Baby, o protagonista do filme, e simplesmente acelerar e fugir dessa responsabilidade. Posso apenas dizer, que repleto de cenas maravilhosas de perseguição, ação na medida certa e um trilha sonora de causar inveja ao diretor James Gunn, "Baby Driver" cumpre a expectativa que criou desde seu primeiro trailler e coloca mais uma vez o diretor Edgar Wrigth como destaque pela sua obra autoral. Então se eu fosso vocês não perdia a oportunidade e colocava a melhor música nos fones, os óculos escuros e as luvas de couro e acelerava para o cinema para assistir esse filme que passa correndo de tão bom que é.

                                                      Trailler



                              Acima, 6 minutos da abertura do filme, só para babar



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