terça-feira, 13 de janeiro de 2015

PENNY DREADFUL - O suave, doce e classudo terror londrino

   Quando eu penso em um ambiente de terror e tensão clássicos, nenhum lugar “melhor” me vem a cabeça do que a Londres vitoriana, com seus casarões antigos e aparentemente desabitados, o ar poluído das fábricas, a névoa constante e o clima miserável de seus abitantes; muito dessa visão é culpa dos próprios autores ingleses como Conan Doyle e Oscar Wilde, ou dos filmes e documentários sobre Jack, o estripador , que criavam na minha cabeça a ideia de um lugar terrível e impossível de escapar. E para minha alegria, foi essa mesma sensação que encontrei ao assistir “Penny Dreadful” série da Showtime exibida no Brasil pela HBO (sempre ela) entre Maio e Julho de 2014 mas que, como de costume, terminei de assistir dias atrás.
Eva Green como Vanessa Ives
   O nome da série vem das publicações de terror que eram vendidas por centavos na Inglaterra no século IXX e que foram apelidadas de “centavos de terror” , Penny dreadful em inglês; a história tem como protagonista Vanessa Ives (Eva green) Uma médiun perturbada por uma entidade sobrenatural que a persegue desde sua adolescência, a mantendo entre a loucura e a sanidade; ao lado de Vanessa se encontra Sir. Malcon Murray (Timothy Dalton), lord Inglês, explorador e aventureiro que recorre aos dons da médium quando a filha , Mina, é raptada por uma criatura das trevas (bUuUu...); a partir daí pessoas com talentos específicos vão sendo recrutadas para buscar encontrar respostas e ajudar em um possível resgate, tais como Ethan Chandler (Josh Hartnett) misterioso pistoleiro americano, que primeiramente aparece como um ator circense, fútil e mercenário, mas que aos poucos vai se mostrando mais complicado e familiar ao que os terrores da noite tem a oferecer, ou o Dr. Victor Frankeinstein, jovem médico obcecado pelo único mistério que o atormenta, a tênue linha entre o que se considera vida e morte; não podemos deixar de falar da participação especial do Dr. Van helsing, hematólogo que traz consigo o trauma de ter encontrado a escuridão e perdido algo de valioso para ela, outra figura importante é o imortal e conquistador Doryan Gray, que passeia pela história atrás de sensações e prazeres que deem sentido a sua vida; Juntos eles buscarão vencer as trevas das ruas de Londres e de seus próprios passados.

Josh Hatnett como Ethan Chandler
 O seriado é ótimo! Ao meu ver , dentro destas séries pequenas com inicio, meio e fim em poucos episódios, como vem se tornando tendência,só perde para “true detective”, da própria HBO e “Sereia” da Globo e o fator importante para isso é que o foco principal são os personagens e não a trama em si; as pessoas com seus traumas, medos e erros abrem espaço para um universo que converge para situação onde elas são enseridas e que cria a empatia com o telespectador, herança de “Sopranos” e “Breaking Bad”. Outro fator são as atuações, Eva Green está fantástica como a perturbada médiumVanessa Ives, não acho a atriz a mais bonita ou charmosa dessa nova safra de beldades do cinema, seu papel de maior apelo sensual foi em “007 Cassino Royale”, mas depois disso só consigo lembrar dela em papeis meio sem graça em sequências desastrosas, como em “300 a acensão de um império” ou em “Sym city, a dama fatal”, em que ficam forçando um sex appel que ela não tem, já em “Penny dreadful” ela rouba a cena, principalmente quando aparece possuída pelo demônio, revelando os segredos mais íntimos de seus companheiros em meio a deboches, ataques de raiva e frases gritadas em línguas mortas, a melhor possessão desde “O exorcista”!. Timothy Dalton que a meu ver seria um ator que não combinaria com esse tipo de série ( acho que a imagem dele com James Bond ainda está presa na minha mente) convence sempre, Lorde Inglês explorador no melhor estilo Sir Richard Francis Burton, buscando encontrar a origem do Nilo e explorando as savanas da África mantendo a família em segundo plano e a arrastando para a destruição, a decisão de colocar um explorador como pai da pobre Mina, a amante de Drácula e assim explicar a mente aberta e reação da família após o seu rapto foi muito bacana e o ator com aquela postura de lord sem perder o ar de líder durão faz com que tu confie nele até quando seus podres são revelados. Os mistérios e reações que cercam Ethan Chandler talvez não fossem tão intrigantes se quem o viveu fosse alguém diferente de Josh Hartnett que abandona aquele visual de galãzinho dos tempos de 40 dias e 40 noites e se apresenta como o misterioso e atormentado pistoleiro que cai de paraquedas no meio dessa trama toda, mas que aos poucos vai se tornando o elo entre a realidade e os segredos que o grupo vai conhecendo, os mistérios de suas batalhas internas só chamam menos a atenção do que sua tórrida cena de paixão com Doryan Gray . Falando em Doryan Gray, justamente o ator que o interpreta, assim como o que vive o Dr Frankeintein não me convenceram, é como se faltasse alguma coisa aos dois, não sei se devido a ótima atuação do restante do elenco ou do carisma dos outros personagens, que são o sinistro mordomo negro de Sir Malcon, Sembene, vivido por Danny Sapani e a criatura de Frankeinstein, que recebe o nome de Calibã, trabalha no Backstage do teatro londrino e assombra seu criador no sonho de ter uma noiva ( O episódio onde ele conta sua história é fantástico ); perto disso os dois jovens parecem frageis e quase deslocados, embora a cena de diálogo quando o jovem doutor pensa em matar sua criatura seja emocionante e mesmo o Doryan Gray da série bata fácil o apresentado em “A liga Extraordinária” .

Timothy Dalton como Sir. Malcon Murray
  E por falar em “Liga Extraordinária”, acredito que a série seja mais digna do nome do que o terrível filme de 2003, que não soube levar para a tela grande a tensão presente nas HQ's, quando terminei de assistir a série a primeira coisa que pensei foi “E o que será que Alan Morre pensou disso tudo?” … Bom, isso eu não sei, mas o que achei foi que “Penny Dreadful” Não me decepcionou ,muito pelo contrário, foi uma série divertida, repleta de suspense, ótimas atuações e momentos espetaculares, misturando a origem de personagens clássicos da literatura de terror Inglesa sem apelar para o estilo blockbuster de ação sem limites ou debochar da inteligência de quem assiste. Recomendo muito! Nota 8,5

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