Assim
é “Dog eat dog” de 2016, ou como ficou chamado na terra das mineradoras nas
reservas florestais, “Cães selvagens”, filme baseado no livro homônimo lançado
em 1995 do escritor (e ex-presidiário) Edward Bunker, que ficou mais conhecido
por sua participação especial no filme “Cães de Aluguel” do diretor Quentin
Tarantino , no papel de Mr. Blue, e , tem como diretor e roteirista Paul
Schrader, conhecido por roteirizar grandes clássicos dirigidos por Martin Scorsese,
como “Táxi Driver”, “Touro Indomável” e “A última tentação de Cristo” e que
ainda faz uma pequena participação interpretando o mafioso Grego.
Essa
mistura dá todo um estilo à produção que consegue unir cenas de violência crua
a momentos de puro sarcasmo e humor. A montagem e fotografia do filme lembram
além de Tarantino, em muito os primeiros filmes de Guy Ritchie, pela agilidade
e por abordar o pequeno sub-mundo e seus atores semi-profissionais. Já as
atuações, na medida em que o filme permite, são muito bacanas, começando por
Willem Dafoe que interpreta Mad Dog e que além de parecer um maluco (como
sempre) nos proporciona uma das cenas de abertura mais viscerais e violentas
dos últimos anos, nos mostrando com que tipo de gente que a história vai tratar;
Outro que surpreende é Nicolas Cage, que consegue fugir de seus últimos papéis
entregando um sutil, almofadinha e violento Troy que, em oposição ao personagem
de Dafoe, começa morno e fecha o filme com um banho de sangue.
Infelizmente,
mesmo sendo roteirizado por um mestre e claramente inspirado no estilo de
grandes diretores, o filme se perde dentro de si, não sendo possível perceber
no decorrer da produção, o que realmente os personagens querem e as
consequências mais profundas de seus atos. Precisei recorrer a sinopse do livro
(pois não o li) para entender o que realmente movia os personagens e qual suas
intenções no primeiro momento, acabando por descobrir, que no livro, a ideia do
grupo de criminosos era aplicar golpes em traficantes, agiotas e bookmakers,
pelo fato destes não poderem procurar a ajuda da lei para os proteger (daí o nome da história: "cão come cão"!), algo que
é mostrado de relance no inicio do filme, mas que parece tão solto na história
quanto a última conversa entre os personagens Diesel e Mad dog, que é do nível
de uma novela do mesmo canal que passa Chaves.
Mas
mesmo com seus defeitos, “Dog eat dog” é um filme corajoso por suas cenas de
violência, onde nem crianças nem velhos são poupados e pelo estilo misturado
que causa uma estranheza divertida e certa nostalgia por filmes mais focados na
história e não em efeitos especiais ou as atuações mais dramáticas e sérias do
mundo, garantindo sensações que resultam em boas risadas, caretas de dor e
paralisia por constrangimento, três ingredientes essenciais para fãs de cinema,
sejam estes selvagens ou nem tanto.
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