O
Ano é 1989;
Nos
E.U.A, Bush
pai assumia seu cargo de presidente; Na
China, um
estudante desconhecido parava uma coluna de tanques durante o
protesto na praça da paz celestial; A Rússia se retirava do
Afeganistão e
no
Brasil, Raul
Seixas morria e Pedro Bial fazia sua mais relevante reportagem
informando que o muro de Berlin caia, dando fim a vinte oito anos de
divisão alemã. É durante esse período tão conturbado de nossa
história que se passa a trama
de um dos grandes filmes de
2017
e que aguardei ansioso desde seu primeiro trailer, trata-se
“Atômica”, Thriller de espionagem e ação dirigido David Leitch
e estrelado pela maravilhosa Charlize “Furiosa” Theron que
estreou no final de Agosto para fechar o mês com um tiro certeiro e
abrir Setembro com o pé na porta.
O
filme conta a história de Lorraine Broughton (Charlize Theron), uma
agente da MI6 que, após o assassinato de um colega em Berlin, que possuía uma lista contendo o nome de todos espiões em operação dos
dois lados do muro, é enviada para Alemanha e incumbida de recuperar
o material, que além de tudo possui a identidade de um perigoso
agente duplo.
Às
vésperas da reunificação alemã e contando com a parca ajuda do
chefe da estação local, o pouco ortodoxo David Percival (James
McAvoy), Lorraine terá de usar todo seu charme e talento como
especialista em combate corpo a corpo e evasão para sobreviver ao
derradeiro e mais sangrento jogo de espiões da guerra fria.
Cara,
sabe aquele filme que consegue ser tão equilibrado, mas tão
equilibrado que se você largar em uma corda ele fica paradinho? Pois
Atômica é isso. Atuações convincentes, cenas de luta e
perseguição de tirar o folego, reviravoltas na trama, fotografia e
figurino bonitos, locações caprichadas e trilha sonora matadora,
tudo muito bem organizado dentro de menos de duas horas de filme e
que merecem ser creditados tanto à competência do diretor David
Leitch, que vem crescendo no mercado de filmes de ação, quanto ao
talento de Charlize Theron, que mais uma vez rouba a cena com sua
atuação e carisma.
Quanto
ao diretor, fica fácil reconhecer sua assinatura gráfica e estilo
ágil quando comparamos "Atômica" com outro de seus filmes
que foi bastante comentado, que é "John Wick" (2014), com
a diferença que na nova produção Leitch mantém a ação frenética
mas prende os pés no chão, o que não o impede de ousar, passeando
com a câmera por ângulos que colocam o espectador quase como se
fosse um passageiro durante uma perseguição de carros ou estivesse
no meio das cenas de luta e tiroteio, nos presenteando com longas
tomadas sem cortes e planos abertos que acabam por detalhar cada
intenção dos presentes na tela sem a necessidade de quase nenhum
diálogo, essa confirmação de estilo me fez, mais do que ficar
empolgado com a história que estava assistindo, me sentir aliviado
ao pensar que a sequência do filme do Deadpool está em mão
competentes e capazes de superar a divertidíssima produção
comandada por Tim Miller em 2016.
Já
Charlize Theron está realmente magnifica, arrancando o fôlego de
quem assiste ao filme e os dentes e sangue de seus inimigos na trama.
A atriz Sul africana se reinventa mais uma vez e consegue deixar no
passado seus papeis anteriores, como a marcante "imperatriz Furiosa" de "Mad Max" e Aileen Wuornos de "Monster"
que lhe rendeu um Oscar; suas cenas de ação em nada ficam devendo
às dos protagonistas de outros prestigiados filmes de espionagem e
ação como "Jason Bourne", "John Wick" ou "James
Bond", sendo que as coreografias de luta, os planos aberto e luz
explorada pela produção parecem dar vantagem a Theron que,
transparecendo força e sobriedade na atuação, se distancia de
forma gigantesca de outras atrizes que também costumam viver papeis
outrora interpretados apenas por homens e que, quase sempre, mostram
uma postura quase caricatural repleta de caras e bocas pouco
convincentes, como Angelina Jolie em "Tomb Raider" e
"Salt", Mila Jovovich em "Resident Evil" e mais
recentemente , Scarlett Johansson em "Ghost in the shell",
sem contar que a atriz Sul Africana ainda abusa do charme e da beleza
como armas fatais no jogo de espiões que sua personagem se envolve
de forma infinitamente mais convincente do que mostrado em qualquer
filme do gênero antes. Fatos que afirmam Charlize Theron, com
"Atômica", como um dos grandes nomes femininos do cinema
de ação.
O
filme ainda tem a trilha sonora carregada com músicas da época em
que se passa a trama, como arma secreta para mergulhar ainda mais o
expectador dentro do universo explorado, tocando pontualmente canções
consagradas como "Cat People" de David Bowie, "99
Luftballons" de Nena, "Father Figure" de George
Michael, "Blue Monday" do New Order, entre outros grandes
sucessos que ambientam o expectador naquele mundo e dão o ritmo e
direção do filme com um artificio que parece ter se tornado moda
desde "Guardiões da Galáxia" e que nesse filme funciona
tão bem quanto, embora fique mais em segundo plano do que no filme
da Marvel de 2014.
E
Falando em Marvel, é importante lembrar que "Atômica"
também foi baseada em uma HQ. A obra original, intitulada "A
cidade mais fria" (Berlin, dividida pela Guerra fria, entendeu a
referência?) foi escrita pelo inglês Antony Johnston e desenhada
pelo ilustrador inglês naturalizado brasileiro Sam Hart e que pelo o
que ouvi falar, posto que não li a HQ, é bem diferente do filme,
principalmente no tocante a ação, o que , a meu ver dá mais
crédito ao produção, por conseguir entregar uma releitura da
história, que pega seus principais elementos acrescentando outras
questões e escolhas, sem descaracterizar por completo sua intenção
de mostrar um jogo de espionagem durante do declínio da cortina de
ferro. Um exemplo que fica para os adaptadores de obras originais (em
especial aos serviços de Streaming que acham que podem reinventar a
roda adaptando animes e Mangás).
Então
é isso, Com cenas de ação e perseguição de tirar o fôlego, uma
trama cheia de reviravoltas onde ninguém sabe em quem confiar e
carregado de estilo, "Atômica" chegou aos cinemas para
reafirmar o poder da mulherada e divertir na medida certa. Traz uma
protagonista que rouba a cena a cada segundo que surge na tela e um
diretor que se firma a cada filme como uma das grandes promessas
dessa leva que vem ganhando espaço, somando-se como principais
responsáveis por cumprir cada expectativa que os trailers fizeram
surgir em mim e me deixando ansioso pelas próximas produções da
dupla. Então, que venha Deadpool 2 e que Charlize Theron continue a
se reinventar e brilhar sempre... mas o mais importante, não confie
em ninguém.
Musica boa, mulher gostosa e pancadaria... receita de sucesso
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