No
filme “Guerra mundial Z”, depois que a epidemia zumbi tomou conta
do planeta, o protagonista parte para Israel, pois existem indícios
de uma resistência naquele
local. Chegando
lá,
ele descobre que o que salvou as pessoas foi o fato de um indivíduo
ter acreditado na possibilidade de um ataque zumbi, por mais
improvável que isso fosse; esse sujeito se apresenta como o “décimo
homem”, uma figura na administração da informação onde, depois
de a mesma ser levada as outras 9 autoridades e refutada, tem como
função cogitar que o fato, por mais absurdo ou ignorável, possa
ser real.
Fico
pensando como um “décimo homem” faz falta nas empresas e mesma
em nossa vida social no mundo real. Na sociedade em que vivemos, onde
as pessoas se cercam quase exclusivamente por seus iguais, seja
física ou ideologicamente, uma opinião diferente passou a ser
demonstração de inimizade e, caminhamos a cada momento para
vivermos isolados em bolhas sociais onde apenas os privilegiados de
nossos grupos de Whatsapp desfrutam de nossa opinião sincera (mas
que não fere o grupo, ou FORA!) e assim as pessoas, repetem tanto
seus pensamentos sem um contraponto, que nada de novo surge e uma
ideia refutável se torna um dogma inquestionável.
Não
é diferente nas empresas. As lideranças confiam apenas em pessoas
que pensam, se vestem e agem iguais a eles; como se fosse claro que
“apenas quem é igual à minha pessoa pode estar certo” e em um
mundo cada vez mais competitivo, carente de imaginação e atitudes
variadas frente aos problemas diários, temos cinco ou seis pessoas
com a mesma história de vida, ideologia, atitude e visão de mundo,
criando uma pobreza social tão perigosa quanto uma pobreza genética
e colocando a empresa em uma desvantagem competitiva, que muitas
vezes só é percebida tarde demais.
A
questão é, Estamos caminhando para uma sociedade isolada em bolhas,
onde apenas quem pensa e parece igual é aceito em cada uma delas,
onde a competição é cada vez menos entre os diferentes e mais
entre os certos e os errados, onde as ideias que vão de encontro com
as nossas são declarações de guerra e o valor da diversidade, seja
de cores, opiniões ou opções vem sendo diminuído por pura
preguiça de abraçar o novo, uma sociedade que se esconde atrás de
antidepressivos e perfis felizes nas redes sociais para fazer de
conta que tudo está ótimo.
Penso
que seja o tempo de ouvir a opinião contrária, de questionarmos
nossas certezas e dar espaço para o novo, chegou a hora de sermos
aquele décimo homem e pensar que talvez, o que parece totalmente
refutável, seja uma verdade que possa trazer um benefício
potencial, ou caso não, que sirva pelo menos para retirar nosso
pensamento do status de dogma. Chegou a hora de mudar, ou seremos
arrastados pela multidão para lugar nenhum e sem nenhum pensamento
próprio a não ser o instinto de repetir o que nos foi imposto, tal
qual um zumbi que apenas se junta aos seus iguais para atacar o que é
diferente, mas que sem o diferente anda a esmo ou fica parado sem
expectativa nenhuma.
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