Havia resolvido dar uma pausa
nos filmes de Super-heróis esse ano. Salvo "Logan", que
era a despedida decente de Hugh Jackman como Wolverine e que me senti
obrigado a assistir depois de tudo que a Fox fez com o personagem
anteriormente e, "Homem-Aranha: De volta ao lar", que
agendei mentalmente com a intenção de exorcizar os últimos dois
filmes do herói, minha vontade de assistir qualquer produção dos
grandes selos americanos era totalmente zero. Esse desinteresse se
devia em parte, a fórmula repetitiva da Marvel, que depois de dez
anos começou a me enjoar e, das decepções que a DC me proporcionou
com "Batman vs Superman" e "Esquadrão Suicida".
Então chegou junho, e da misteriosa e secreta ilha paraíso de
Themyscira um símbolo de esperança surgiu e me fez voltar a ter fé
que os filmes de Super-Heróis podem fugir das fórmulas pré-prontas
e surpreender, Trata-se de "Mulher-Maravilha", filme
estrelado por Gal Gadot e dirigido Por Patty Jenkins que chegou com
tudo, quebrando paradigmas com sua espada e mostrando ao mundo tudo
que o universo DC precisava ouvir e confessar, sem nem precisar usar
o laço da verdade contra a editora.
"Mulher-Maravilha" é
o primeiro (de vários) Prequels organizados pela Warner DC para
contar a origem de seus personagens após os mesmos aparecerem no
filme "Batman vs Superman"(2016)". Conta a história
de Diana (Gal Gadot),a princesa das amazonas e filha da rainha
Hipólita, que após ser treinada em segredo pela general Antiope e
entrar em choque em seu último teste, se refugia na praia, onde
acaba presenciando um acidente aéreo e resgatando o piloto britânico
Steve Trevor (Chris Pine). Horrorizada com os relatos que o piloto
faz a amazonas, de que o mundo está em guerra e, acreditando que a
culpa desse mal se deve a Ares, o Deus da Guerra, Diana se dispõem a
acompanhar o piloto em uma jornada de volta a Europa para caçar o
responsável pelo sofrimento dos homens e restituir a paz, cumprindo
o sagrado papel das Amazonas da ilha paraíso.
Terminei o filme empolgadaço
e com um sorriso de orelha a orelha. Logo eu, que cheguei a pensar
que o dia que eu elogiaria os filmes da DC jamais chegaria! Mas o que
fazer? "Mulher-Maravilha" é um filmaço e que surge depois
das decepções dirigidas por Zack Snyder e David Ayer, quase como
uma aula de como entregar um filme honesto, como de o que é seu um
herói de verdade.
Essa Aula, e o grande motivo
do filme ser tão bom, sem sombra de dúvidas se deve a diretora,
Patty Jenkins. A diretora de "Monster", filme que deu o
Oscar a Charlize Theron, é pontual em suas escolhas para apresentar
o mundo das amazonas e o primeiro contato de uma inocente Diana
(inocente quanto a personalidade das pessoas, do resto ela manja
muito!) e colocar a personagem em um lugar de destaque, tanto no
universo DC, quanto no da cultura pop no geral, reafirmando a
Mulher-Maravilha com símbolo de poder feminino e de força sem
truculência (como infelizmente vimos nos últimos filmes da
Warner/DC)
No entanto, é quase inegável,
que a grande responsável pelo sucesso do filme é Gal Gadot. A atriz
Israelense se impõem tão bem no filme, que rouba a cena estando em
primeiro plano ou mesmo quando fica parada ao fundo. Além de linda
(do tipo que sorri com os olhos) a atriz consegue passar realidade em
sua interpretação, por mais estranho que isso possa parecer se
tratando de um filme de super-heróis. Sua beleza só perde para seu
carisma, que faz com que torçamos para ela, desde o primeiro minuto
em que ela dá seu primeiro sorriso, isso tudo já havia sido
percebido em "B vs S", onde a maioria do público concordou
que a Mulher-Maravilha era a melhor coisa do filme e que se comprova
nessa produção com grande mérito a atriz que a interpreta.
Outra outro fato que tem
destaque no sucesso de "Mulher Maravilha" é o roteiro.
Escrito por dois escritores de HQ, Geoff Johns, que é chefe criativo
da DC nos cinemas (Sendo seu primeiro trabalho este maravilhoso
filme) e Allan Heimberg que ganhou destaque em 2006 escrevendo os
"Jovens Vingadores" para a concorrente; o roteiro acerta no
alvo, ao optar em não fazer grandes mudanças na história da
personagem em relação com sua origem nos quadrinhos e nem
apresentar uma trama complexa demais, dando espaço para que todo
tipo de pessoa presente no público se sinta fisgado pelo filme por
um motivo diferente, pois embora simples, não faltam cenas
engraçadas, de ação empolgante e até mesmo românticas nas quase
duas horas e meia de história.
Além disso, o trabalho em
equipe (direção / atuação/ roteiro) contribuem para uma série de
momentos marcantes e importantes que o filme consegue traz para nos
fazer pensar sobre nossa sociedade, sem torna-lo panfletário. Temos
então uma cena cômica onde Steve Trevor, depois de interrogado
pelas Amazonas, está tomando banho nu em uma piscina quando, ao
sair é surpreendido por Diana que pergunta se todo homem é igual a
ele, que responde que é acima da média, então ela pergunta o que é
aquilo logo abaixo, e depois de alguns segundos de suspense cômico
ele estende a mão e mostra um relógio e explica para ela que serve
para dizer quando se deve acordar, comer, ir trabalhar, ao passo que
a princesa das amazonas sorri e questiona de como uma coisa pequenina
assim pode ordenar o que as pessoas podem fazer. Uma brilhante e
sútil alegoria do roteiro e direção, utilizando o relógio como se
falasse do pênis, para questionar o poder que a ele é atribuído
por quem se acha acima da média.
Também temos a cena icônica
da guerra, onde Diana parte sozinha em direção as metralhadoras
alemãs, disposta a morrer para poder libertar as famílias que
estavam sendo aprisionadas do outro lado da terra de ninguém e
destruindo quase que sozinha toda linha alemã. Ou mesmo quando,
presente na base britânica, ela dá uma lição de moral nos generais que diziam que a perda da vida de alguns soldados era algo aceitável.
Lições de heroísmo e sacrifício que os filmes dos bombadões e
destruidores de Zack Snyder ficaram devendo com juros alto. Sem
contar que "Mulher maravilha" possui uma sequência final
de batalha épica e um plot twist surpreendente.
No entanto, como eu sempre
digo, nada é perfeito e o filme peca por ter muitas semelhanças com
o primeiro "Capitão América" da Marvel. Para começar
temos um super-herói (portando um escudo) que está disposto a
combater os alemães; ambos juntam um grupo multi étnico para os
ajudar; ambos perdem seus grandes amores (diana-Esteve Trevor e o
Capitão América o Bucky (amizade também é uma forma de amor)) e
acabam ao final de volta a ação nos dias de hoje; sem contar que
assim como Steve Rogers (o capitão America) , Steve Trevor também
desaparece em um acidente de avião (2 Steves e 2 Aviões). talvez
até por isso, resolveram ambientar a trama na primeira guerra e não
na segunda, mas ao final isso passa quase despercebido frente a todo
o resto que a história traz (com a vantagem de que a Diana foi para
cama com alguém em seu primeiro filme, enquanto o Capitão América
está desde 1940 aguardando o "par perfeito para sua dança".
Ponto para a princesa de Themyscira.
Eu poderia me estender por
páginas e mais páginas para falar de com o filme "Mulher-Maravilha"
é bom e vale a pena ser assistido, mas prefiro que, embora meus
pequenos spoiler, as pessoas tenham a oportunidade de se surpreender
com o primeiro filme bom da DC desde "Batman o cavaleiro das
trevas" do Nolan. Mulher Maravilha é sem dúvida um marco para
o cinema de Super-heróis, colocando no lugar de destaque tanto a
personagem, quanto tudo que ela representa para as mulheres. Um ótimo
filme, inteligente, bem humorado e com ação e drama na dose certa
para não enjoar. Fico agora no aguardo para que todo o trabalho
primoroso e ágil de Patty Jenkins e Gal Gadot não seja destruído
com o filme da Liga de Zack Snyder e seus slow motions sem fim. Resta
orar para que Zeus nos ilumine e a princesa da amazonas nos defenda.
Eu gostei da sua crítica. Pessoalmente amei o filme. Na minha opinião, este foi um dos melhores filmes de super heroi que foi lançado no ano passado. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio. O filme da Mulher Maravilha foi uma surpresa pra mim, já que foi uma historia muito criativa que usou elementos innovadores. É algo muito diferente ao que estávamos acostumados a ver. Realmente vale a pena todo o trabalho que a produção fez, cada detalhe faz que seja um grande filme. Acho que é uma boa idéia fazer este tipo de adaptações cinematográficas dos quadrinhos.
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