Nesse contestado 2017 que já
se encontra pela metade, ainda estou aguardando a estreia de alguns
filmes que jogaram minha expectativa nas alturas desde que assisti
aos seus primeiros trailers, mas enquanto estes não chegam, vou
seguindo os conselhos do célebre cantor Latino e "se não
encontro os filmes certos, me divirto com os errados!".
Pois fazendo tal qual esse
genial músico brasileiro, que assisti nesse final de semana, "Vida",
filme escrito por Rhett Reese e Paul Wernick, a mesma dupla
responsável pelo roteiro de "Deadpool" e "Zumbilândia"
e estrelado por Ryan Reynolds e Jake Gyllenhaal, que por pouco mais
de uma hora e meia, não só matei (e matei mesmo) minha nostalgia em
relação aos clássicos do "terror no espaço", como fui
soterrado de referências destes.
"Vida" conta a
história de uma equipe de seis astronautas enviados até a estação
espacial internacional, para estudar uma forma de vida unicelular
descoberta nas amostras de terreno retiradas de Marte. Essa espécime,
que é batizada de Calvin, é composta de células fotossensíveis,
tecido muscular e nervoso , ou seja, é simplesmente, músculos, olhos
e cérebro e , cresce extremamente rápido. Em um acidente, o ser é
dado como morto e reanimado pelo tripulante responsável, ao fato que
reage com hostilidade e passa a atacar a tripulação. Resta agora
aos sobreviventes, fazer o possível e o impossível para evitar que
a criatura chegue até a terra.
Pois bem, há quem cante que
"Vida, é um grito de gol, é um banho de mar, é inverno everão", mas quem não tem TV a cabo e é obrigado a assistir
aos telejornais da Band, sabe bem que "a Vida bate forte,irmão!" e esse filme, reciclando os conceitos apresentados nos
clássicos do cinema de horror espacial, em especial o primeiro
"Alien", assim como muitos dos filmes de John Carpenter,
onde o foco no desespero em encarar o desconhecido e a morte em meio
a solidão dão o tom da trama , consegue mostrar de forma divertida
(entenda "diversão" como quiser) todo terror que a vida
pode nos reservar.
Pode-se mesmo tratar o filme
como uma alegoria sobre a vida real, em que se seguindo ao meio do
desconhecido, oscilamos por momentos de total expectativa e
frustração, que podem ser seguidos de esperança ou terror em
decorrência de nossas escolhas. E um fator que corrobora para essa
mensagem passada, mesmo que de forma rasa pelo filme, são os
personagens de Jake Gyllenhaal e Rebeca Ferguson, o primeiro um
médico que trabalhou na Síria e que perdeu sua esperança na raça
humana, mas que toma para si a missão de se sacrificar para evitar
que a criatura chegue até o nosso planeta e destrua tudo o que ele
não acredita mais e, a segunda, que é a responsável pelo
isolamento do ser na nave, representa ideia falha de que estamos
sempre preparados, mesmo para o desconhecido; isso sem mencionar a
esperança, que é encarnada pelo personagem do cientista paralítico,
que vê na descoberta da nova forma de vida, uma possível cura para
seus problemas.
No entanto, o que vida trás
de mais divertido são suas referências aos filmes antigos. A
criatura rondando o grupo de viajantes espaciais, lembra o tempo todo
"Alien" e não só pela aparência cheia de tentáculos que
remete ao monstro do filme de Ridley Scott ao ficar presa no rosto do
John Hurt o filme de 1979, como também pela ideia inicial de matar a
criatura com um lança chamas e pelo fato desta entrar pela boca de
uma das vítimas e crescer dentro dela, sem contar que, somando-se ao
rato que serve como cobaia no laboratório da estação, o alienígena
também é o oitavo passageiro.
Porém, o filme não consegue
se sustentar além de suas referências e diversão violenta, devido
a velocidade com que as coisas são apresentadas. Mesmo com uma hora
e cinquenta, parece não haver tempo para que criemos elos com os
personagens, sabendo muito pouco de suas histórias, relacionamentos
ou expectativas e, quando estes começam a morrer, por maior que seja
o sacrifício ou angustia em sua morte, acabamos por não nos
importarmos com eles e isso diminui o impacto que os acontecimentos
deveriam ter sobre o espectador.
Outra coisa que não funciona
como deveria na trama é a criatura. Embora ela tenha um conceito
extremamente interessante de ser feito para matar
(músculo+cérebro+olhos e uma BAITA inteligência), está longe de
possuir o carisma de um "Predador" ou de um "Alien",
nem mesmo de causar o estranhamento que a criatura de "O enigma
de outro mundo" consegue causar em quem assiste ao filme e isso
faz com que o coloquemos no nível de uma ameaça genérica, o que ,
por um lado é bom, pois surpreende a tripulação do filme, que o
subestima (e até a nós mesmos ao final do filme), mas o torna
esquecível quando os créditos sobem.
Pois então, "Vida"
é um filme mediano, mas que consegue divertir quem assiste devido a
chuva de referências que trás e alguns momentos de tensão e terror
que matam a saudades de quem, assim como eu, é fã do estilo. Não
chega a ser um filme para ficar guardado na memória, mas não é
totalmente esquecível, principalmente quando se pensa no final que
mistura tragédia total com comédia nonsense (pelo menos eu achei
isso). Com certeza não foi o filme mais certo lançado nesse ano
cheio de expectativas, mas como um sábio me disse e já citei acima,
"enquanto não encontro os filmes certos..." , segue a
expectativa e que venham "Homem-aranha", "Atômica
Blondie" e "Baby Driver" e que com estes, a vida não
nos frustre ou aterrorize!!