Enquanto
todos aguardavam a estreia da nova temporada de “NARCOS”, a
Netflix disponibilizava dia primeiro de Setembro, data da invasão
alemã à Polônia, a série brasileira “Terra Prometida”,
produção idealizada por Renato Fagundes e Luís Noronha, que narra
histórias da Alemanha nazista através dos olhos dos Judeus e a
repercussão da guerra e da imigração europeia no Brasil durante
aquele período.
Desenhos Belli Studio |
A
série busca dar um olhar mais moderno e menos maniqueísta a um dos
períodos mais amargos da nossa história. Apresentando ao expectador
uma obra inovadora,
que mistura a reprodução de histórias verdadeiras através de
animação, com cenas reais da época no melhor estilo documentário,
lembrando, por vezes, o premiado “Valsa para Bashir” de Ari
Folman, por
seguir os passos do diretor israelense, ao
humanizar os envolvidos no confronto, em especial os soldados e
imigrantes, mostrando
o terror e insanidades
causadas
pela Guerra e ignorância.
“Terra
prometida” foi transmitido originalmente pela TV cultura em Julho
deste ano, chamando a atenção por se tratar de um ponto fora da
curva dentre as obras audiovisuais brasileiras, misturando a
informação do documentário com a dramatização ilustrada.
O
documentário nos
traz
imagens de documentos históricos como, por
exemplo, o
telegrama enviado a Albert Einstein, onde o governo brasileiro
rejeita o pedido de entrada de uma de suas amigas, e, de vídeos
raros da época, onde podemos ver um pouco do espírito da sociedade
alemã, desde a entrada no poder no partido nazista, até sua queda
em 1945 e a repercussão da guerra em terras brasileiras, desde a
simpatia pelo eixo por parte de Getúlio, até a entrada na guerra ao
lado dos aliados.
Complementando
a parte documental da obra, a série apresenta trechos em animações
baseadas
em histórias reais de diversos personagens que vivenciaram os fatos
ocorridos na segunda guerra, tanto no Brasil, quanto no fronte
de batalha. A produção desses desenhos é trabalho da Belli studio
de Blumenau, responsável por ilustrar algumas séries da Discovery
Kids, como “O peixonauta” e “Meu Amigãozão” e o estilo
simples com
que
as histórias são retratadas remetem tanto
a busca por uma verdade mais leve, quanto ao escapismo que tais
situações pedem frente a crueldade e tristeza dos fatos ocorridos.
A
série é excelente, exorcizando um período sombrio de nossa
história e dando voz e rosto a muitas figuras esquecidas. O episódio
que trata do ocorrido com os pracinhas logo após o fim da Guerra e o
que fala sobre Aracy Guimarães Rosa, que conseguiu vistos para
centenas de refugiados elucida quem acreditava que a história
brasileira naquele confronto ficava aquém dos filmes de Hollywood e
das histórias de nossos avós.
Pracinha ferido voltando da Guerra recebendo medalha |
A
obra vem coroar o momento cinematográfico brasileiro que parece
querer deixar de lado o estilo panfletário de “cine-ditadura” e
“cine-favela” e as comédias sem graça que ninguém precisa. Seu
roteiro, que avança e recua no tempo para mostrar diversas histórias
ocorridas na segunda guerra, foi escrito por Haná
Vaisman, Gabriella Mancini e Rossana Maurell,
que contaram com a ajuda de historiadores para tornarem a trama mais
próxima ainda da realidade. A
direção
ficou por conta de Paschoal Samora e a
produção teve
o apoio do fundo setorial
do audiovisual via
Ancine e
BNDES, sendo uma obra
conjunta da Conspiração Filmes e Synapse produções.
“Terra
Prometida” é uma aula de cinema e inovação e, está com seus
capítulos para a apreciação na Netflix desde o dia primeiro de
Setembro, se você gosta de história, documentários e animação
(ou todos) essa é a oportunidade perfeita para assistir algo de
valor e conteúdo feito aqui e por artistas brasileiros.
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