Um fato que, de uns tempos
para cá, vem perturbando meus pensamentos, é imaginar como será
nossa comunicação com alienígenas. Comecei a pensar sobre essa
situação, faz uns dois meses, depois de rever o ótimo filme
"Contato", que é baseado no livro do mesmo nome do grande
Carl Sagan e o assunto passou a me seguir desde então, com o trailer
de "A chegada", com Amy Adams, que explora a difícil
primeira comunicação entre humanos e uma raça de extraterrestres,
assim como toda questão da aparição de um disco voador na segunda
temporada de "Fargo", onde o personagem de Ted Danson,
questiona sobre se o grande problema da raça humana é não saber se
comunicar, finalizando com o fato de ter lido "Um estranho numa
terra estranha" de Robert A. Heinlein, que conta as desventuras
de um humano criado por marcianos e que, trazido para a terra, não
consegue compreender os conceitos e intenções humanas.
Estava com todos estes
devaneios na mente (sei lá eu porque), quando me deparei com um
filme, que a muito eu tinha descartado, por acreditar que se tratava
de mais um raso caça níqueis estrelado por Tom Cruise, mas que ao
assistir, encontrei uma ficção científia de qualidade, com uma
trama bem elaborada e repleta de conceitos bacanas, se trata de
"OBLIVION", escrito e dirigido por Joseph Kosinski e
lançado pela Universal em 2013, que me fez lembrar o porquê eu
adoro tanto esse gênero e colocou meu pensamento sobre comunicação
com extraterrestres em outro patamar.
O ano é 2077 e o planeta
terra foi destruído durante uma guerra entre os humanos e uma raça
alienígena conhecida como Saqueadores. Durante o confronto, os
invasores destruíram a lua, iniciando uma série de terremotos e
tsunamis, causando destruição e bilhares de mortes, em respostas a
raça humana utilizou então seu arsenal nuclear para vencer a guerra
o que deixou o planeta inabitável, forçando a humanidade a
construir a "Tet", uma estação espacial que, mais tarde,
passou a servir de posto intermediário entre nosso planeta e Titã,
a Lua de Saturno que se tornou o novo lar da raça humana, no
entanto, para que a missão de Titã tivesse total sucesso, alguns
humanos foram enviados à terra, encarregados de ajudar a fornecer
recursos naturais essenciais a vida nas novas instalações, entre
eles Jack Harper (Cruise), um técnico de drones, que trabalha na
torre 49 junto com sua amante e oficial de comunicações Vika Olsen
(Andrea Riseborough).
Tanto Jack como Vika, tiveram
suas memórias removidas para não comprometerem sua missão na terra
e passam todos os dias cumprindo suas obrigações de reparo de
drones e vigilância das torres de drenagem de água e segurança do
perímetro. No entanto, Jack , não se conforma com a ideia de ter de
deixar o planeta e, somado a isso, começa a sonhar repetidamente com
uma mulher e ter flashs de memórias de um tempo antes da guerra,
mais de cinquenta anos antes dele mesmo nascer e essa confusão em
sua mente vai crescendo conforme ele sofre a tentativa de captura dos
remanescentes dos saqueadores e se agrava quando, após encontrar um
sinal sendo enviado para fora do planeta e se depara com os destroços
da Nave Odisseia, onde ele vem a encontrar exatamente a mulher com
quem vinha sonhando (Olga Kurylenko) e que, mais tarde, lhe conta que
era parte de uma missão secreta e que poderá revelar qualquer coisa
só depois de estar der posse da caixa preta de sua nave, e , é
nessa ajuda a encontrar o item desejado pela misteriosa sobrevivente,
que Harper acaba sendo capturado pelos saqueadores, que se revelam
totalmente diferentes do que lhe tinha sido informado pelo comando da
Tet e esse contato mais do que sua percepção, mudará para sempre a
realidade onde Jack acreditava viver.
Vika |
Cara! Depois que assisti esse
filme me senti muito culpado, por te-lo ignorado na época do
lançamento. A história é extremamente interessante e divertida,
com reviravoltas que te pegam de surpresa e, o mais legal, é que
todas essas surpresas e mudanças ocorrem apenas depois do meio do
filme, o que gera um clima de suspense em tentar imaginar o que está
acontecendo realmente no território da torre 49.
Quanto a atuação, não tem
nada de mais, Tom Cruise faz o papel de Tom Cruise, atirando,
correndo, sorrindo e correndo novamente, enquanto as atrizes, elas
fazem o papel de mulheres que contracenam com o Tom Cruize (fora a
Emily Blunt, que mostrou pra ele quem manda em "no limite do
amanhã") , sem demérito, mas mesmo com os motivos da
personagem de Andrea Riseborough e da importância da aparição da
personagem de Olga Kurylenko, ambas são ofuscadas pela trama e pelo
Gigantesco Plot Twist que o filme tem bem no meio e que, para seguir
minha análise, vou ter de contar.
ALERTA DE SPOILER
ALERTA DE SPOILER
É TUDO MENTIRA!!!! Não teve
guerra nenhuma entre humanos e alienígenas, os humanos não venceram
e foram para Titã e muito menos a Tet é uma estação espacial. A
verdade é que a Tet é uma máquina consciente vinda ninguém sabe
de onde e que tem como unica finalidade consumir (isso mesmo, como
você aí que troca de telefone todo ano). A história verdadeira é
que em 2017 a Nasa detectou esse objeto alienígena perto de Saturno
e resolveu enviar um grupo de astronautas para verificação e
contato (Aí é a parte forçada, pois se hoje não conseguimos
mandar pessoas para Marte, imagina para saturno? E porque não
mandaram uma sonda?) , dentre os oito enviados astronautas, estavam o
comandante Jack Harper e a oficia Vika Olsen e a Dra. Julia ,que era
esposa de Harper (bum minha cabeça explodiu!!) , chegando próximos
a Tet, Harper e Vika decidem desacoplar o módulo onde Julia e o resto
da tripulação hibernava e são levados para dentro da Tet, eles
acabam sendo clonados aos milhões e a Tet, após destruir a nossa
lua e causar as catástrofes naturais descritas acima, manda um
exército de "Tom Cruises" invadir e finalizar o serviço
de extermínio dos humanos. Após isso, a Tet cria as torres de
vigilância e coloca um casal de Harpers e Vikas em cada um,
mentindo que suas memórias foram apagadas, prometendo que um dia
irão para Titã e dizendo que as zonas fora das linhas marcadas são
radioativas, quando na verdade, essas zonas são os territórios das
outras duplas de clones. Enquanto isso o módulo com a Dra Julia
ficou vagando no espaço durante sessenta anos e só foi trazida de
volta, graças ao sinal que os humanos remanescentes (aqueles que no
inicio de filme acreditamos que são os alienígenas) enviaram.
Quando
essa maluquice toda é revelada, o filme ganha ares de distopia
total. Não existe mais esperança para o protagonista, que entende
que nem mesmo os sentimentos que ele nutre pela personagem de Olga
Kurylenko são
reais, restando a ele o caminho desenhado pelo personagem de Morgan
Freeman (que se apresenta como o líder dos sobreviventes humanos) e
isso torna o arco final do filme bem pesado e ao mesmo tempo muito
bacana.
Um dos Drones. Inspiração em Matrix |
O
filme apostou em alguns conceitos que lembram muito Matrix. A ideia
de uma inteligência artificial que ilude e manipula humanos criados
em laboratório para conseguir o que quer, o
cara sábio que dá a pista para o protagonista encontrar a verdade
(Morgan Freeman está até mesmo sentado na mesma posição que
Lawrence Fishburne em Matrix quando faz isso) o fato desse inimigo
estar quase que inatingível e possuir drones armados para caçar os
sobreviventes, tudo lembra muito o filme das irmãs Wachowski, com
uma pitadinha de como os clones deveriam se chocar por saberem que
são cópias de outra pessoa que faltou em "A ilha" de
Michael Bay.
No entanto, mesmo com esses
conceitos que o filme pega emprestado, ele não perde sua qualidade,
pelo contrário, ele usa tudo como uma homenagem e mantém sua ótima
história e enredo como destaques e consegue prender o expectador
atento a todas revelações que vão sendo feitas até o derradeiro
embate entre o protagonista e a Tet.
A TET |
A Tet, mesmo sendo apresentada
como uma espécie de Matriz (de Matrix) mas atuando no plano físico,
consegue ser uma ideia bem assustadora e marcante, lembrando em muito
o Brainiac (inimigo do Superman) que é uma inteligência artificial
alienígena, que racionalizou que o maior problema dos humanos
são...os humanos e resolveu dar fim no problema; com a diferença
que a Tet é egoísta e quer consumir os recursos da terra para se
manter, como sua origem é desconhecida, pode-se pensar que ela foi
criada por uma civilização muito avançada, se rebelou contra a
mesma e a destruiu e partiu em busca de mais, algo que , embora
longe de nossa realidade, pode ser pensado em um futuro humano, quem
sabe?!
Claro
que não vou contar o final do filme, mas o que posso dizer é que
lembra em muito o final de "No limite do amanhã", também
com Tom Cruise (sempre ele), mas em "Oblivion" temos uma
mistura de redenção, tristeza , esperança e "WTF???".
Mas pelo todo da produção, em especial por como a história é
apresentada, gostei bastante do filme e espero que o ator continue
emprestando sua carinha para produções de ficção científicas tão
bacanas. Então aproveita que o filme está passando toda hora na TV
a cabo e para para dar uma olhada, se você gosta ficção
científica, garanto que vai se comunicar muito bem com o que a trama
apresenta e que para mim foi outro nível em questão de contato e
comunicação com alienígenas que o cinema vem apresentando
ultimamente. Um filmaço, que por muito tempo,
para coincidir com o título do próprio filme, eu tinha esquecido.