Felicidade
! Foi esse sentimento que o episódio VII de Star Wars despertou em
mim. Tudo o que eu queria estava ali naquelas duas horas e quinze
minutos de filme; personagens carismáticos, uma trama pertinente e princialmente, muito respeito a série clássica, mas sem por isso
encher o filme de referências, fato que faz o filme se sustentar
sozinho, isca perfeita para quem queria ver o filme mas não havia
assistido os anteriores. Saí emocionado do cinema e contando os dias
para assistir aos próximos episódios.
Minha
felicidade foi tão grande que não quis escrever nada logo em
seguida, preferi deixar a empolgação baixar e depois ir analisando
os pontos fortes e fracos do filme para poder traçar uma opinião
mais sensata, mas como já se passaram três dias e eu continuo
empolgado e remoendo na minha cabeça as cenas marcantes, resolvi
escrever assim mesmo. Vamos então falar de Star Wars VII: O despertar
da Força.
Dirigido
por J.J Abrams, que também assina o roteiro junto com Lawrence
Kasdan, o filme se passa trinta anos após os eventos de "O
retorno de Jedi", onde o império galático é derrotado pela
aliança rebelde e o imperador Palpatine morto. Nessa nova história
somos apresentados a Rey, uma misteriosa catadora de sucata moradora
do planeta Jakku, a Poe Dameron, o melhor piloto da ,agora chamada,
resistência e a Finn, um desertor dos Stormtroopers, criado desde
bebê para servir aos ideais da misteriosa primeira ordem, um grupo
poderoso que busca derrubar novamente a república e instaurar uma
nova ditadura baseada nas ideias de seu misterioso líder chamado
apenas de Smoke, que tem como aprendiz e braço direito, o misterioso
Kylo Ren.
Dessa
vez não vou dar Spoliers, o filme é tão bacana que, mesmo
empolgado, não quero estragar a sensação de assisti-lo sem saber
nada. Como já disse vou listar algumas coisas que achei positivas as
poucas que não achei grande coisa, mas que mesmo assim não
atrapalham em nada o filme.
Tudo
que há de bom
Com
certeza o grande ponto positivo do filme (como de todo bom filme, a
propósito!) são os personagens. J.J Abrams consegue nos entregar
personagens centrais muito bem construídos e matar a nossa saudade
da personalidade dos personagens da trilogia clássica. Através dos
olhos desses novos personagens, dois em especial (Finn & Rey)
somos apresentados a situação atual da galáxia e a relação e
decisões de ambos são o que movem a história. Rey é uma solitária
catadora de sucata em Jakku, um planeta inóspito, é ela o grande
enigma da trama ( quem é Rey?), lutando pela sobrevivência desde
menina, a vida dura não tirou dela a vontade de fazer a coisa certa,
o que a leva ao encontro de seu destino junto à resistência. Finn
por sua vez é o olhar de quem desperta de uma realidade que percebe
não ser a certa e que, mesmo repleto de medo, não se acovarda, suas
tiradas cômicas são muito legais, dando um alívio cômico a
situação sem tornar o personagem em alívio cômico, o que faz
acreditar nele quando a situação pede.
Além
de tudo, Rey e Finn tem um papel muito importante dentro dessa nova
saga, que é a representatividade. Desde que o roteiro foi
parcialmente divulgado surgiram protestos por parte dos fãs (poucas
graças a força) que criticavam o fato de os novos protagonistas
serem um homem negro e mulher, presentas representativas que eram
quase nulas nos filmes anteriores e que dessa vez chamam a atenção
sem interferir em nada na trama, na verdade apenas a enriquecem pois
segue o espirito da história que diz que todos e qualquer um podem
fazer a diferença, é o que acontece no episódio IV, quando um
fazendeiro se torna o herói da galáxia, e isso me tornou muito mais
fã da saga e deu um tapa na cara de quem acha que é dono da bola. A
história de vida desses personagens também é importante, J.J faz
algo maravilhoso ao dar rosto a figuras esquecidas ao longo da série,
como quem vive em planetas pouco envolvidos com a trama central e dar
voz a personagens tidos como descartáveis, como os Stormtroopers,
isso dá uma nova perspectiva e gás à história.
A
amizade e a química entre os personagens é algo muito legal e que
também remete a trilogia clássica, onde todos os vínculos parecem
acontecer de forma muito rápidas e espontâneas, mas que nem por
isso pareçam artificiais. Isso me parecia meio forçado na trilogia
clássica, ma o diretor conseguiu transformar os motivos em algo tão
orgânico e natural, que até a amizade de Luke, han e Léia, na
trilogia clássica, tornaram-se mais naturais para mim; Vivem-se
momentos de guerra, na verdade todos esses novos personagens nasceram
em meio à guerra e quando se encontram sendo vistos como pessoas e
sendo bem quistos pelos outros, suas relações tendem a se tornar
fortes e verdadeiras, tanto que nos sentimos felizes com seus
reencontros e compartilhamos de seus medos quando se separam, é
muito bacana!
A
ação no filme é algo extasiante. Embora seja um filme que
apresenta personagens e elementos novos, é uma continuação, então
o ambiente de guerra já está estabelecido e somos jogados em cenas
de ação fantástica de batalhas aéreas e de campo, sem contar o
corpo a corpo com sabres de luz (muito foda!). Com habilidade, o
roteiro faz um mix dos três episódios anteriores, com a
apresentação da lenda Jedi, a seita Ren (que seguem os conceitos
dos antigos Sith),uma revelação familiar, a ameaça de uma arma
definitiva e as batalhas aéreas entre Tie-figthers e X-Wings; é pra
prender um cara na cadeira!
O
Pouco que me incomodou (mas me incomodou muito pouco)
Uma
das coisas que me incomodou foi o status dos personagens clássicos.
Fora Luke que se tornou um mestre Jedi e que carrega um fardo mais
amargo do que de seu mestre Obi-wan ( desculpa o spolier, mas ele
quase não aparece no filme) , Léia, Han e Shewbacca estão
exatamente onde começam no episódio IV, fora o título de Léia,
que não é mais princesa, seu propósito e ações tem o mesmo foco,
a derrota de um inimigo sinistro e a restauração da república; Han
Solo e Shewbacca novamente são contrabandistas e, embora carreguem o
peso de ter pertencido a aliança rebelde, se aventuram no espaço
buscando não se vincularem a nada, mas tal como no episódio IV
recebem um chamado da situação para agirem e isso define seus
destinos. Eu entendo que a trama diz que tudo é um ciclo, mas a
situação desses personagens clássicos poderia ser um pouco
diferente, de forma a mostrar uma evolução tanto deles quanto do
universo onde estão inseridos. Outra coisa que espero que seja
explicado nos filmes posteriores é a o surgimento da primeira ordem
e dos Ren, isso é bom e ruim ao mesmo tempo. O bom é que torna mais
perto da realidade a situação da derrota do império, óbvio que
nem todo mundo ficou feliz com a queda do império galático e forças
beneficiadas por vinte anos de ditadura, viriam a convergir para
buscar estabelecer a ordem que lhes era mais conveniente, mas como
que a república deixou a primeira ordem criar um poder de destruição
e intervenção tão grande? Talvez se os rebeldes tivessem um
talento político mais apurado do que o militar tal situação não
ocorresse, mas isso ainda será explicado (assim espero!)
Outro
ponto que eu já havia falado no post "Tudo que eu não quero no
novo Star wars" eram os personagens pouco explorados, e isso
infelizmente continua. Quando soube da presença de Max Von Sydow e
Simon Pegg fiquei achei show, ambos são grandes atores, infelizmente
a presença de seus personagens é mínima. O Pegg ainda é
tranquilo, pois , assim como Daniel Craig, sua participação é
apenas para ter o prazer de estar no filme, o rosto deles nem
aparece, mas eu esperava mais de Max Von Sydow, por toda história e
presença que tem o ator, sem falar da capitã Phasma, que tinha até
um pequeno destaque nos trailers e que não dá um único tiro,
servindo apenas como muleta para uma cena dramática e outra cômica
de Finn, quase uma Bobba fet de saias. Mas assim como no caso da
primeira ordem, ainda se pode explorar a origem e o destino desses
personagens nos filmes posteriores e essa pequena lacuna não diminui
em nada o filme.
Cara,
que filmaço!! seria até ridículo eu indicar esse filme, pois ele é
auto indicável. Não é por menos que está quebrando todos os
recorde de arrecadação e acumulando críticas positivas e fãs por
onde é assistido. Um filme bonito e empolgante, que respeita a
trilogia clássica e não deleta a trilogia ruim (episódios 1,2 e
3), me colocou novamente no universo fantástico que havia me
conquistado quando eu tinha seis anos, dando ares de modernidade à
trama e abrangendo assuntos importantes da sociedade atual, como a
representatividade e oportunidade, um trabalho primoroso de roteiro,
direção e produção, que com certeza será mais um marco na
história do cinema. Que venham mais episódios .
Que
a força esteja com vocês !
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