A DC tem muito a
aprender com a Marvel! Eu sei que digo isso a cada produção que a Marvel lança, mas fazer o quê?
É a mais pura verdade! E foi exatamente isso que eu pensei ao terminar de
assistir à “Jéssica Jones”, segunda produção conjunta entre a Netflix (essa
linda) e Marvel (esse monstro sagrado).
Idealizada por
Melissa Rosemberg e estrelada por Krysten Ritter, a série conta a história de
Jessica Jones (é mesmo?!), uma ex aspirante a super-heroína, dotada de força
sobre humana e capacidade de voo, ganhos em um acidente na adolescência, que
após um grande trauma torna-se detetive particular e acaba sendo assombrada
tanto pela culpa de seus erros, quanto pela uma psicopática figura do passado (uuUUUuuuu que meda).
Cara! Eu gostei
bastante da série, é claro que não teve o mesmo impacto em mim do que o
Demolidor, até porque o demolidor tinha sofrido uma humilhação terrível nas
mãos da fox e o resgate que a Netflix fez do personagem foi como uma virada aos
quarenta e cinco com um gol de letra do zagueiro reserva (inesperado ao
máximo), mas mesmo assim Jessica Jones me agradou bastante (foi um gol de
cabeça do camisa 10) . A começar pela representatividade, eu sei que ando
falando bastante sobre o assunto, mas é que eu acho importantíssima a ideia de
dar voz e vez a personagens que não sigam o mesmo padrão recorrente, do homem,
branco, hetero, ocidental, de trinta a quarenta anos e blá,blá,blá e nisso a
série acerta em cheio, a protagonista é uma mulher, e mulher de verdade, que
apesar de endurecida pela culpa e trauma não perde seu lado feminino e isso é
bem bacana, porque a série não apresenta Jéssica como um homem de saia, ou como
uma mulher perfeitinha, muito pelo contrário, há profundidade em sua
personalidade e isso vai pouco a pouco se revelando quando conhecemos sua
dependência pelo álcool, o trauma que carrega e que não a abandona e até seu
pavio curto e ironia.
Outro ponto
positivo são os personagens coadjuvantes. Começando pelo grande vilão da série,
Killgrave (a figura psicopática do passado), interpretado fodamente por David
Tennant, ele é o melhor vilão do universo Marvel até agora, fazendo o Rei do
crime parecer um menino chorão e Loki um playboy mimado. O cara é mau de
verdade e inconsequente como poucos, seu poder de manipular as pessoas e sua
personalidade doentia lhe torna omisso a culpa, fato que somado a seu carisma e
sangue frio o colocam no mesmo nível de um coringa do Heath
Ledger (sem falar no terno roxo), Luke Cage, que será o terceiro personagem a ganhar uma série da Netflix
também está muito bem representado por Mike Colter, o cara transmite carisma e
seriedade, ficou longe do Luke Cage mais zoeiro que eu lia nas velhas
revistinhas que a abril lançava por aqui nos meados dos anos oitenta, lembrando
sim o Luke do selo Marvel Max; o tempo todo o cara é um cavalheiro (mas com
aquele 1%) e o assunto que coloca o personagem no caminho de Jéssica é
totalmente orgânico e deixa pontas soltas para serem exploradas na série do
herói. Rachael Taylor, que interpreta Trish Walker , melhor amiga de Jéssica (que
nas HQ’s é a heroína “Felina” (quem sabe, heim netflix?)), Eka Darville, que
interpreta o drogado vizinho Malcolm, Wil Traval como Will Simpson (bazuca) e
Carrie-Anne Moss, no papel da advogada Jeri Hogarth fecham os destaques do
elenco, todos muito bem.
Aliás a presença
de bazuca, faz um link direto com a série do Demolidor e uma possível “queda de
Murdock”; do mesmo modo que deixa claro, junto com os traumas causados por
Killgrave à protagonista que o tema central da série é o abuso. Frases
recorrentes como “Tenho medo de encontra-lo na rua”, ou “Eu não era eu
mesma...” dão o tom a série que o grande trauma de Jéssica (transformado em
alegoria) foi um relacionamento abusivo
e isso se comprova quando surge o personagem
Will Simpson e este vem a se envolver com Trish Walker. No inicio do
relacionamento Will se porta como um bem intencionado e arrependido sujeito,
mas conforme a série avança vemos se tornar em um sujeito possessivo e
violento, o que remete aos traumas da protagonista e quebra a empatia que temos
pelo personagem a principio. Situação muito bem apresentada e explorada desde o
primeiro episódio.
Mas o que eu
realmente mais gostei da série, tenho que reafirmar, foi a protagonista.
Estávamos com falta de uma personagem feminina forte e não sexualizada, mas não
masculina; alguém em três dimensões, com problemas e relacionamentos críveis (
que se alternam entre cos e confusão e momentos de verdadeira cumplicidade). Dou
grande crédito ao que a personagem transmite à escolha acertada de Krysten
Ritter no papel de Jessica Jones, não que eu seja fã da atriz, na verdade só a
vi em “Breaking Bad” e não me passava muita naturalidade, o que me fez ter um
pouco de medo do que esperar dela na série, por sorte aquele cara nada
simpática e olhos que parecem querer saber o que a outra pessoa está pensando
combinaram com o papel e ela me convenceu.
A independência
da personagem (embora existam pessoas que a cerquem) é muito bacana, e É isso
que a DC deve aprender com a Marvel!! Existem problemas sérios acontecendo, mas
não é necessária uma equipe de cientistas, hakers e sidekicks para dar apoio,
como vemos em Arrow, Flash e supergirl (sempre a mesma coisa DC??), Jéssica tem
seus problemas, seus poderes e seus métodos e isso já é mais do que o
suficiente, além disso, como toda série de sucesso, o ser humano e seus
problemas são o que movem tudo e o “super-herói” é colocado em segundo plano
isso dá um ar de realismo fantástico à série e causa empatia em quem assiste,
um grande acerto da Marvel herdado do Homem-Aranha do Sam Raimi.
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Outro ponto que
a DC tem que aprender com a Marvel, é a utilização de personagens mais obscuros
nas suas produções. Não sei quanto a vocês, mas eu não aguento mais produções
com o Batman, Superman e Flash (e seu universo), a DC tem dezenas de bons
personagens, como Hitman, Starman, a liga da Justiça sombria entre outros, mas
parece presa a seus personagens mais icônicos, como os citados acima e quando
tenta utilizar algum que foge de sua constelação central, temos produções
capengas ou ignoradas, parece que a DC/Warner tem medo de jogar com cartas
menores e fugir de sua fórmula de séries.
Adicionar legenda |
O que parece
motivo para a DC tremer parece ser o segredo do sucesso de “Jéssica Jones”. Assim
como em “Os guardiões da Galáxia” o grande segredo da série foi o fato de o
personagem ser muito pouco conhecido, o que favoreceu que os roteiristas não
ficassem restritos demais a personalidade do personagem dos HQ’s e essa
liberdade favoreceu a série, algo que seria pouco aceito em relação a um
Wolverine ou Capitão América e que eu espero que a DC imite em seu “Esquadrão
Suicida”.
Pois bem, gostei
bastante da série “Jessica Jones”, embora eu sinta algumas pequenas quebras de
ritmo durante a série, mas isso influencia muito pouco na trama, a qual eu
achei bem concisa e me fez querer assistir ao próximo episódio assim que o que
estava assistindo terminava e torcer por uma nova temporada. Grande trabalho de
Melissa Rosemberg e de atuações primorosas como a de Krysten Ritter e David Tennant,
mais um acerto da Netflix/Marvel que nos faz contar os dias pelas estreias de “Luke
Cage” e “Punho de Ferro”. Uma grande
dica de diversão para quem tiver um tempinho para dar chance a uma série bem
bacana e fora dos estereótipos e arquétipos tradicionais e uma grande aula de
utilização de personagens obscuros a nossa querida DC comics.
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