Os X-men são meus
super-heróis preferidos. Já contei minha história com os
personagens aqui mesmo, dois anos atrás, quando foi lançado "X-men:
Dias de um futuro esquecido "e confesso que, devido a esse
carinho, sempre que um filme com o selo X sai pela FOX fico
apreensivo.
Não foi diferente dessa vez, quando dia 19 de Maio, estreou o nono
filme da franquia pelo estúdio, "X-men:
Apocalipse", dirigida novamente por Bryan Singer e estrelada por
James Mcavoy , Jennifer Lawrence, Michael
Fassbender, Oscar Isaac
entre outros, e, que assisti recentemente com uma mistura de medo e
esperança.
O filme se passa dez anos
depois dos
acontecimentos de "dias
de um futuro esquecido", Quando Bolívar Trask buscou apoio do
governo para caçar e estudar
os mutantes, Causando a fúria de Magneto que ameaçou matar o
presidente e a decisão
de Mística em impedir o amigo. Estamos
em 1983 e o professor Xavier reabriu sua escola integrando humanos e
mutantes; Mística é
tida como uma heroína e percorre o mundo libertando e ajudando
outros mutantes; Magneto, por sua vez, se escondeu em sua terra natal
(A Polônia) buscando ter uma vida normal, casou, tem uma filha e
trabalha em uma metalúrgica. Em meio a isso, no Egito, En Sabbar
Nur, o primeiro mutante, desperta depois de três mil anos e
percebendo que o mundo é dominado pelos fracos (humanos) resolve
utilizar a força para dominar o planeta e transforma-lo em um lugar
onde apenas os fortes tem espaço.
Assisti
ao filme com aquela ponta de cinismo de quem quer ver algo decente,
mas aguarda uma decepção para poder confirmar sua falta de
perspectiva. Mas, embora o filme tenha escolhas de roteiro e diálogos
bem contestáveis, fui surpreendido por um filme divertido, que embora
não fuja do estilo de direção de Bryan Singer, consegue dar mais
cor e ar super-heróico aos mutantes da Marvel.
Essa "cor" começa
pela escolha dos atores que interpretam Jean Grey e Scott Summers
(O Ciclope). Pela primeira vez sentimos uma química entre o casal,
que surge desde o momento onde os dois se esbarram e cresce até o
momento de cumplicidade quando os dois partem com a equipe para sua
primeira missão, soma-se isso ao casal o fato que é a primeira vez
que vemos uma Jean Grey carismática e que lembre aquela citada em
"X-men 3, o confronto final" com
um poder capaz de mudar a humanidade
e um Ciclope
que finalmente
demonstra uma certa liderança e protagonismo ao mesmo tempo que não
age feito um babaca.
Outras apresentações legais são as de Tempestade e Noturno , além
da consolidação de Mercúrio como personagem fixo da franquia;
Tempestade é
encontrada por Apocalipse no Egito praticando pequenos furtos, bem
parecida com a origem da personagem nos HQ's e embora o motivo de sua
mudança de lado seja contestável no final, a mudança em si é
plenamente crível, além da atriz ter seu carisma e simpatia; Já o
Noturno que
é salvo pela
Mística
no início do filme,
tem seus momentos de protagonismo quando luta contra o anjo e de
alívio cômico e superação no trabalho em equipe; e
o Mercúrio volta
a ser destaque por seus
momentos de ação que
são alguns dos mais
legais do filme e se
une à equipe em uma cena que lembra a do
filme anterior (o que
fica chato) mas que não
interfere em nada nos motivos do personagem ou o colocando
ali apenas como um fan-service e
a cena onde ele
senta a mão no Apocalipse na
última batalha é bem bacana.
Ciclope |
O Filme parece querer recontar
o que os filmes da trilogia anterior mostraram dessa vez com uma
roupagem mais super-heroica e ágil (tanto que ele conta o que há
em três filme em um!). A primeira coisa é a descoberta de um novo
mutante, que em "X-men, o filme" era a Vampira e nesse é
Ciclope e, esse evento, vai guiando grande parte da trama e dando
destaque
ao verdadeiro líder de campo dos X-men mas sem apagar os demais
personagens nesse primeiro arco, além de apresentar a nós através
dos olhos do personagem, como funciona a escola Xavier. Junto a isso
temos a apresentação do projeto Arma X e uma nova versão para a
fuga de Wolverine do laboratório, agora libertado pelos próprios
alunos de Xavier, além disso temos o despertar dos poderes da Fênix
em Jean Grey, dois fatos que foram explorados em "X-men 2";
e por final temos toda
aquela ameaça mundial causada pela Fênix em "X-men 3"
agora sendo desencadeada pelo personagem Apocalipse. O bacana desse
resumo e reapresentação desses fatos é que norteia os heróis para
um novo rumo, porque o filme termina de mostrar que as linhas
temporais foram refeitas, o que dá a possibilidade para o novo a
partir de agora e o fator que possibilita recontar essa nova versão
das histórias sem que o filme fique chato é o bom ritmo que não
oscila muito durante as duas horas e onze minutos de filme, mérito do
diretor.
Mas nem tudo são flores e o
filme tem algumas escolhas e momentos que deixam a desejar. O
principal deles é o vilão Apocalipse, que nos quadrinhos sempre foi
um personagem assustador e misterioso e que nos cinemas parece um
velhinho cheio de convicções baseadas em achismo e que, embora
ameace quando desperta no Egito e vai ao encontro de Tempestade
demonstrando seus poderes aos desavisados comerciantes locais, parece
perder peso conforme a trama anda, dando a entender que leu e não
entendeu Darwin com suas ideias de "Só os fortes sobrevivem",
poxa! Mutantes também são pessoas e ele quer destruir o planeta
para que apenas os mutantes mais fortes fiquem por aqui sem banheiro,
agua encanada, energia elétrica e internet (ele viu muito Madmax),
sem dizer que o plano dele é exatamente igual ao do Sebastian Shaw
em "X-men: primeira classe".
O cara que não entendeu Darwin |
O Apocalipse passa o filme
todo dizendo que é o pai de todos, o bam-bam-bam e tal, mas acho que
o grande poder dele é a pilha fraca, poque nem seus quatro
cavaleiros ele sabe escolher direito, pegando qualquer um que está
no caminho. A tempestade e o Magneto fazem todo o sentido como
cavaleiros do apocalipse, até porque um controla qualquer metal e o
outro o clima, mas o
que justifica o Anjo e a Psyloke? O Apocalipse esteve cara a cara com
o Destrutor, que controla o plasma e tem um poder destrutivo gigante,
assim como com o poder do Xavier ele poderia descobrir a Jean Grey
que é uma das mais poderosas mutantes da história, mas não! ele
quis um cara que ficava voando e apanhou para um noturno de quinze
anos e uma ninja genérica que nem telepata é no filme. O pior é o
plano dele transferir sua consciência para o corpo de Xavier, o que
ele faria? Seria o cadeirante mais poderoso da história? E aquele
papinho de só os fortes sobrevivem? Quem vai empurrar tua cadeira
pelo deserto depois
que o mundo acabar? Se ele usasse o Xavier para encontrar o Wolverine
e ficar de posse de um corpo imortal e indestrutível seria mais
inteligente. Mas não pára
por aí, além de pilheiro e mal maquiado, o Apocalipse ainda deve
ter transferido sua consciência para o corpo do Arlindo do
Esquadrão da moda do SBT, porque depois de turbinar os poderes de
seus cavaleiros, ele ainda cria roupinhas fashion par eles sem lá
muito motivo. Mas acho que essas escolhas polêmicas relacionadas ao
personagem sejam uma forma de seguir a péssima tradição da MARVEL
não emplacar um vilão convincente no cinema e se for assim, todas
escolhas foram muito bem feitas, caso contrário foi uma pisada na
bola tremenda.
Outra coisa chata que já
vinha incomodando desde o primeiro trailer é a onipresença da
Mística e o peso de seus papel na trama. De cinco em cinco minutos
alguém lembra que ela é uma heroína, que é demais e que é um
símbolo, fato que não tem absolutamente nada a ver com a mística
dos quadrinhos, que sempre foi uma terrorista da causa mutante,
capaz de tudo para mostrar a superioridade do Homo superior. O
diretor comete com a Mística da Jennifer Lawrence, o mesmo erro que
teve com a Tempestade interpretada pela Halle
Berry na trilogia antiga, onde o fato de a atriz ganhar um Oscar
mudou totalmente o peso de seu personagem na trama e , a meu ver, foi
o primeiro passo em X-men 2, para que o filme seguinte fosse tão
ruim como foi. Devido a importância de Mística na história e pelo
fato de não ser um personagem tão poderoso, roteiro a transforma em
uma negociante e líder conselheira, que tem como maior poder, frases
de efeito tipo "orgulhem-se de quem são", "Eu não
quero o peso de ser uma heroína", "É uma guerra, não
controlem seus poderes" e bla,bla, bla. Sem falar que ela quase
nunca aparece em sua forma azul, mas sim com a aparência da Jennifer
Lawrence, o que faz a gente pensar onde está aquela história de
"seja mutante e orgulhoso" que ela fala para o Fera no
"primeira classe"? Pois é! Sua Poser!
Fera (ou seria O Abrahan Lincolm azul?) |
Falando em Mística, não dá
para deixar de comentar
sobre a Maquiagem. Como
já disse a personagem
da Jennifer Lawrence
quase nunca aparece em sua forma real, mas quando aparece ela parece
pintada com a tinta dos "Blue man
Group", não parece que a cor é dela. O mesmo acontece com o
Apocalipse, que lembra muito o inimigo dos Power Rangers,
principalmente por ainda ser um nanico magrelo, ao invés de um
monstrão de mais de dois metros ; mas o pior, sem sombra de dúvidas,
é o Fera! O doutor
Hank Mccoy, em sua forma animalesca parece o Abrahan Lincolm pintado
de azul. É o terceiro filme onde temos o fera (nessa
nova trilogia) e a
produção ainda não conseguiu encontrar um tom de pele (ou pêlo)
que não pareça ridículo, minha dica é para que eles leiam a fase
dos X-mem onde o Fera evoluiu em sua mutação se transformando quase
que em uma pantera negra (não azul).
Ainda sobre a maquiagem, é
impossível deixar de questionar porque os personagens dessa nova
trilogia não envelhecem. "Primeira classe" se passa em
1964, "Dias de um futuro esquecido" em 1973 e este filme de
agora em 1983, ou seja, do primeiro para o último se passaram quase
vinte anos, mas não vemos traços de envelhecimento nos personagens;
tá certo que o Fera e a Mística tem uma desculpa que no primeiro
filme é apresentada, mas e o Destrutor, que deveria parecer que tem
trinte e cinco ou trinta e seis anos e parece não ter passado dos
vinte? E o que dizer do magneto que tinha dez anos em 1945 e em 1983
(48 anos) e trabalhando em uma metalúrgica, tem um rosto tratado com
nívea? Custava envelhecer um pouco os personagens? Ou existe a
desculpa de algum mutante que emane renew? Acho que foi falha mesmo.
Libera essa fênix garota!! |
Para fechar o que não curti
muito, temos que falar sobre o grande motivo que criou os X-men, que
o preconceito. Os X-men surgiram nos anos sessenta baseados nos
movimentos pelos direitos civis liderados por Marthin Luter King e
Malcon X ( Xavier e Magneto
respectivamente) e onde
até os poderes dos
primeiros mutantes tinham a ver com o preconceito, então o Ciclope
seria aquele cara que destruía tudo o que olhava, o Fera que mesmo
sendo um gênio seria julgado apenas pela sua aparência bestial e
assim por diante; Acontece que nesse filme esse preconceito não
existe! Desde a cena inicial nos anos oitenta, onde é mostrado Scott
Summers (ciclope) na escola, a professora está falando bem dos
mutantes e isso se
confirma quando Jubileu, Jean, Scott e Noturno vão passear no
shopping e ninguém parece se importar com o fato de ter um ser com
aparência demoníaca e azul andando pela rua, Achei isso muito
caído, porque se as pessoas ainda hoje tem preconceito com gays,
negros e até com mulheres, o que dirá se se descobrisse, àpenas
dez anos atrás, que convivemos com uma raça super-poderosa cujo
alguns indivíduos poderiam nos matar apenas pensando nisso? Óbvio
que existiria muito preconceito e hostilidade, infelizmente o filme
não faz menção nenhuma a uma situação como essa e
isso foge ao propósito da luta dos mutantes por aceitação, o que é
uma pena.
X-men reunidos |
Mas apesar de o filme possuir
muitos defeitos, ele
não é ruim e confesso
que me diverti bastante. O diretor pareceu querer dar uma visão mais
super-heroica a franquia, seguindo as propostas dos filmes da Marvel
onde a diversão vem antes de tudo. Um ponto que ainda me
incomoda é a mania do diretor de sempre fazer um filme de origem e
"X-men: Apocalipse" não é diferente, novamente temos o
mutante novo no grupo, a equipe se formando e o Magneto novamente
tomando na cabeça e depois tentando ser legal novamente, mas,
como eu disse anteriormente, o Ritmo do filme é muito bom e
consegue que esqueçamos esses por menores enquanto o assistimo.
Os
personagens em sua maioria são muito carismáticos, assim como as
cenas de ação são bem bacanas. Espero
que o futuro da franquia sai das mãos de Bryan Singer e Caia na de
um diretor mais novo e de ideias novas, como o de Deadpool, só assim
teremos filmes dos mutantes que fujam ao eterno ciclo de histórias
de origem e partam para
uma ação mais aprofundada e discussões mais relativas ao problema
da aceitação mutante pelos humanos.
De qualquer forma, repito que o filme é bem divertido e merece ser
visto e, espero que o próximo, que será contra o Sr. Sinistro, seja
melhor que esse, que foi contra o Apocalipse mal maquiado e dirigido
pelo Bryan Singer meio
repetitivo, mas que,
graças a En Sabbar
Nur, não foi nenhum fim do mundo.
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