Exatamente
a trinta e três anos atrás, no dia 25.06.1982 , John Carpinter
trazia às telonas de cinema um filme que viria a se tornar um
clássico do terror e que eu, graças a sorte de ter nascido em uma
época onde se achava que leite com pera dava dor de barriga, assisti
no extinto “cinema em casa” do SBT. Estou falando do fantástico
“ The Ting”, ou como foi maravilhosamente traduzido no Brasil,“
O enigma do outro mundo”.
O
filme é protagonizado pelo queridinho do diretor, o grande astro da
sessão da tarde Kurt Rusell, que interpreta o papel de R.J MacReady,
um piloto de helicóptero bad ass em uma base americana na Antártida,
onde um grupo de cientista estão isolados em pleno inverno glacial fazendo o que cientistas héteros fazem isolados em uma base na Antártida em pleno inverno, ou seja, bebendo Wisky e jogando cartas.
A
vida vai seguindo seu fluxo rotineiramente gelado, até que em um
belo , ouve-se o som de um helicóptero que vem ao longe. Nesse Helicóptero dois Noruegueses vem atirando e jogando granadas em um
cachorro que corre como pode na direção da base americana para
salvar sua vida. O Helicóptero pousa e o caos se instaura. Os
tripulantes descem atirando contra o cachorro e acabam acertando a
perna de um dos cientistas, um dos tripulantes tenta arremessar uma
granada e essa escorrega de sua mão explodindo a aeronave e ele mesmo em uma cena no melhor estolo trapalhões, na confusão o outro
tripulante é morto e o cachorro é levado para dentro da base.
Aterrorizados com o acontecido e sem
conseguir contato com a base norueguesa, o médico da equipe resolve
ir com nosso herói até o local do acampamento de origem dos insanos
caçadores de cachorro. Lá chegando, encontram um lugar destruído,
repleto de cadáveres e parcialmente queimado, sem saber falar
norueguês (para ler os relatos encontrados) e com uma tempestade se
aproximando, eles resolvem coletar todos documentos que encontram e
fitas de vídeo e partem em retorno para o seu acampamento.
De
volta à base americana, nossos heróis descobrem, após assistirem a
nove horas de vídeos das peripécias da equipe norueguesa na neve,
que os cientistas nórdicos encontraram um objeto de metal
gigantesco sob o gelo e desencavaram e retiraram um fóssil do lugar.
Nesse mesmo instante, o bendito cachorro que fugiu para a base no
inicio do filme começa a agir estranho e mandam o responsável pelos
cães o colocar no canil junto dos outros, é aí que o perigo se
revela para nós espectadores, o cachorro não é um cachorro, sua
cabeça se abre revelando uma criatura grotesca, inominável e
terrívis !!! A criatura tenta se fundir, ou contaminar os outros
cães, que fazem um estardalhaço chamando a atenção de todos na
base, que partem para o canil para ver o que se trata.
Agora
é barata voa !! Existe uma criatura, que possivelmente foi a causa
do ocorrido na base norueguesa, solta dentro da base incomunicável
americana no meio do inverno glacial e ninguém está seguro.
Imediatamente o doutor começa a pesquisar utilizando seu computador
de última geração que mais parece um Atari e fazendo necrópsia em um dos corpos que ele trouxe da base norueguesa, descobrindo que a
criatura tem a capacidade de reproduzir e imitar qualquer ser vivo,
como um metamorfo. A partir desse momento está aberta a temporada de paranoia, ninguém sabe mais em quem confiar, o médico pira e
destrói o helicóptero da base, pois , graças a seu Atari sabe que
se o alienígena entrar em contato com a civilização toda raça
humana estará infectada em duzentos e noventa e um dias (7.000 horas
), nesse mesmo tempo, alguém começa a sabotar o banco de sangue e
largar falsas pistas pela base, o que leva os sobreviventes a
acreditar que nosso protagonista é uma réplica e não ele mesmo e o
abandonando na parte de fora da estação para que congele.
Não
se dando por vencido, MacReady invade a estação pelo estoque e para
não ser incinerado se agarra à bananas de dinamite (porque elas
estão lá eu não sei!) , enquanto um de seus colegas tem um ataque
cardíaco e precisa da ajuda do médico. Temos aí então uma cena
marcante da minha infância , o homem está aparentemente morto,
quando o médico pede o desfibrilador, na hora em que vai dar o
choque para reanimar o defunto falecido do cientista morto, eis que
uma BOCA se abre no tórax do indivíduo e come as mãos do médico,
para cagaço geral, que sai correndo. MacReady então, de posse de um
lança chamas queima a criatura. A partir desse momento ele resolve
amarrar a todos e fazer testes sanguíneos com os mesmos, o teste
consiste no seguinte: um prego é aquecido no lança chamas e
introduzido no sangue, sabendo-se que a criatura só pode ser morta
com fogo e deduzindo-se que não se trata de um criatura, mas de
várias que formam um corpo, ele acredita que o calor no fogo iria
revelar quem está contaminado. Assim, um a um, os seis sobreviventes
são testados, começando pelo próprio MacRedy, até chegar em
Windows, o operador de rádio, que começa a sangrar pelos olhos, se
solta da cadeira e gruda no teto (mais uma cena inesquecível) e assim
que cai divide sua cabeça em dois e mastiga a cabeça de outro pobre
coitado, não dando outra alternativa a nosso herói do que incinerar os dois.
Sabendo que não há como sobreviver,
pois é o primeiro dia do inverno na Antártida e seus suprimentos,
comida e abrigo foram comprometidos, e percebendo que se o alienígena
chegar a sociedade os danos serão irreversíveis eles resolvem
destruir a base e aguardarem a morte que se aproxima. Assim eles vão
dinamitando cada módulo da base enquanto a criatura ainda os
persegue. No final, sobram apenas nosso herói, Kurt Russell e o
Mecânico da expedição, Childs, interpretado por Keit David , ambos
sentados no gelo desconfiando um do outro e aguardando o fogo apagar
para saber o que acontecerá com eles, mas sem nenhum otimismo.
É
um filmaço !! John Carpinter em sua melhor forma ! O filme é um
remake de um filme de 1951, chamado “O monstro do ártico “ de
1951, dirigido por Christian Nyby , que por sua vez é baseado em uma
novela escrita por John Campbell chamada "Who
Goes There?" e
que tem como mérito ser uma das histórias de vanguarda da
verdadeira ficção científica, estilo que Campbell deu prioridade
(e quase exclusividade) quando foi editor da revista Astounding
Science-Fiction , revista que revelou escritores do nível de Asimov
e Robert A. Heinlein .
O
filme é assustador, conseguindo uma crescente de tensão sem
entregar quase nada de inicio (exceto pelo fato de que um disco
voador cai antes de sermos apresentados ao nome do filme) . Parte
dessa tensão é culpa da discreta, mas onipresente trilha sonora
escrita pelo gênio Ennio Morricone e a sensação de solidão e
isolamento que a ambientação traz. Os personagens são bem
construídos e apresentados, temos o piloto bad-ass ; o mecânico
durão, o técnico em rádio maconheiro, o comandante cético, o
médico que pira e até um cozinheiro patinador, para ser perfeito só
faltou a criança gênio, o cachorro falante e a gostosa histérica.
Quanto aos efeitos especiais , acho eles incríveis, principalmente
quando se sabe que são efeitos prático, pois não existiam
computadores para inclusão de Cgi naquela época, e o mais legal é
que convencem ainda hoje.
Como
já dito, filmaço ! merece ser visto e revisto. Presente de uma
época onde se fazia cinema de verdade , não tem como não dizer que
esse filme merece nota 5 de 5 !