Quando eu penso em um
ambiente de terror e tensão clássicos, nenhum lugar “melhor” me
vem a cabeça do que a Londres vitoriana, com seus casarões antigos
e aparentemente desabitados, o ar poluído das fábricas, a névoa
constante e o clima miserável de seus abitantes; muito dessa visão
é culpa dos próprios autores ingleses como Conan Doyle e Oscar
Wilde, ou dos filmes e documentários sobre Jack, o estripador , que
criavam na minha cabeça a ideia de um lugar terrível e impossível
de escapar. E para minha alegria, foi essa mesma sensação que
encontrei ao assistir “Penny Dreadful” série da Showtime
exibida no Brasil pela HBO (sempre ela) entre Maio e Julho de 2014
mas que, como de costume, terminei de assistir dias atrás.
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Eva Green como Vanessa Ives |
O nome da série vem
das publicações de terror que eram vendidas por centavos na
Inglaterra no século IXX e que foram apelidadas de “centavos de
terror” , Penny dreadful em inglês; a história tem como
protagonista Vanessa Ives (Eva green) Uma médiun perturbada por uma
entidade sobrenatural que a persegue desde sua adolescência, a
mantendo entre a loucura e a sanidade; ao lado de Vanessa se encontra
Sir. Malcon Murray (Timothy Dalton), lord Inglês, explorador e
aventureiro que recorre aos dons da médium quando a filha , Mina, é
raptada por uma criatura das trevas (bUuUu...); a partir daí pessoas
com talentos específicos vão sendo recrutadas para buscar encontrar
respostas e ajudar em um possível resgate, tais como Ethan Chandler
(Josh Hartnett) misterioso pistoleiro americano, que primeiramente
aparece como um ator circense, fútil e mercenário, mas que aos
poucos vai se mostrando mais complicado e familiar ao que os terrores
da noite tem a oferecer, ou o Dr. Victor Frankeinstein, jovem médico
obcecado pelo único mistério que o atormenta, a tênue linha entre
o que se considera vida e morte; não podemos deixar de falar da
participação especial do Dr. Van helsing, hematólogo que traz
consigo o trauma de ter encontrado a escuridão e perdido algo de
valioso para ela, outra figura importante é o imortal e conquistador
Doryan Gray, que passeia pela história atrás de sensações e
prazeres que deem sentido a sua vida; Juntos eles buscarão vencer
as trevas das ruas de Londres e de seus próprios passados.
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Josh Hatnett como Ethan Chandler |
O seriado é ótimo!
Ao meu ver , dentro destas séries pequenas com inicio, meio e fim em
poucos episódios, como vem se tornando tendência,só perde para
“true detective”, da própria HBO e “Sereia” da Globo e o
fator importante para isso é que o foco principal são os
personagens e não a trama em si; as pessoas com seus traumas, medos
e erros abrem espaço para um universo que converge para situação
onde elas são enseridas e que cria a empatia com o telespectador,
herança de “Sopranos” e “Breaking Bad”. Outro fator são as
atuações, Eva Green está fantástica como a perturbada
médiumVanessa Ives, não acho a atriz a mais bonita ou charmosa
dessa nova safra de beldades do cinema, seu papel de maior apelo
sensual foi em “007 Cassino Royale”, mas depois disso só consigo
lembrar dela em papeis meio sem graça em sequências desastrosas,
como em “300 a acensão de um império” ou em “Sym city, a dama
fatal”, em que ficam forçando um sex appel que ela não tem, já
em “Penny dreadful” ela rouba a cena, principalmente quando
aparece possuída pelo demônio, revelando os segredos mais íntimos
de seus companheiros em meio a deboches, ataques de raiva e frases
gritadas em línguas mortas, a melhor possessão desde “O
exorcista”!. Timothy Dalton que a meu ver seria um ator que não
combinaria com esse tipo de série ( acho que a imagem dele com James
Bond ainda está presa na minha mente) convence sempre, Lorde Inglês
explorador no melhor estilo Sir Richard Francis Burton, buscando
encontrar a origem do Nilo e explorando as savanas da África
mantendo a família em segundo plano e a arrastando para a
destruição, a decisão de colocar um explorador como pai da pobre
Mina, a amante de Drácula e assim explicar a mente aberta e reação
da família após o seu rapto foi muito bacana e o ator com aquela
postura de lord sem perder o ar de líder durão faz com que tu
confie nele até quando seus podres são revelados. Os mistérios e
reações que cercam Ethan Chandler talvez não fossem tão
intrigantes se quem o viveu fosse alguém diferente de Josh Hartnett
que abandona aquele visual de galãzinho dos tempos de 40 dias e 40
noites e se apresenta como o misterioso e atormentado pistoleiro que
cai de paraquedas no meio dessa trama toda, mas que aos poucos vai se
tornando o elo entre a realidade e os segredos que o grupo vai
conhecendo, os mistérios de suas batalhas internas só chamam menos
a atenção do que sua tórrida cena de paixão com Doryan Gray .
Falando em Doryan Gray, justamente o ator que o interpreta, assim
como o que vive o Dr Frankeintein não me convenceram, é como se
faltasse alguma coisa aos dois, não sei se devido a ótima atuação
do restante do elenco ou do carisma dos outros personagens, que são
o sinistro mordomo negro de Sir Malcon, Sembene, vivido por Danny
Sapani e a criatura de Frankeinstein, que recebe o nome de Calibã,
trabalha no Backstage do teatro londrino e assombra seu criador no
sonho de ter uma noiva ( O episódio onde ele conta sua história é
fantástico ); perto disso os dois jovens parecem frageis e quase
deslocados, embora a cena de diálogo quando o jovem doutor pensa em
matar sua criatura seja emocionante e mesmo o Doryan Gray da série
bata fácil o apresentado em “A liga Extraordinária” .
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Timothy Dalton como Sir. Malcon Murray |
E por falar em “Liga
Extraordinária”, acredito que a série seja mais digna do nome do
que o terrível filme de 2003, que não soube levar para a tela
grande a tensão presente nas HQ's, quando terminei de assistir a
série a primeira coisa que pensei foi “E o que será que Alan
Morre pensou disso tudo?” … Bom, isso eu não sei, mas o que
achei foi que “Penny Dreadful” Não me decepcionou ,muito pelo
contrário, foi uma série divertida, repleta de suspense, ótimas
atuações e momentos espetaculares, misturando a origem de
personagens clássicos da literatura de terror Inglesa sem apelar
para o estilo blockbuster de ação sem limites ou debochar da
inteligência de quem assiste. Recomendo muito! Nota 8,5
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