Durante toda a copa,
eu acreditei na seleção brasileira. Apesar de seu ataque
inexpressivo, apesar do meio campo que não funcionava , de laterais
que não defendiam e atacavam com dificuldade, apesar de tudo isso
,eu acreditei; tanto, que postei ontem que a saída do melhor jogador
poderia unir e fortalecer esse grupo, ser um motivador para a equipe.
Infelizmente, assisti sem acreditar a maior goleada sofrida pelo
Brasil (ou qualquer outra seleção) em uma semifinal de copa do
mundo, sete a um para a Alemanha ! O que me fez meditar sobre a
situação oposta a que apresentei ontem, a dependência da figura
carismática.
Muitos movimentos
sociais são a materialização de ideias propostas por indivíduos
chave ou possuem em algumas pessoas sua força motriz. Esses
indivíduos são figuras que emergem da multidão contendo, para quem
os seguem, todas as virtudes que são vistas como essenciais para a
mudança no estado das coisas que esse mesmo grupo busca alterar ;
por esse motivo, muitos movimentos sociais se degradaram com retirada
desse mesmo líder de frente.
Entre os movimentos
citados, podemos dar o Nazismo Alemão e o Fascismo Italiano como
exemplos. A Alemanha de Hitler, possuía em seu líder a figura
carismática que dava vida ao ideal nazista; hoje é dito que os
extremos a que a barbárie nazista chegou nunca teriam se tornado
realidade sem a existência do Fuhrer
, já que o mesmo condensava em seus discursos e livros os
preconceitos e ideais que incentivavam o partido nazista a seguir a
diante, tanto que é especulado que após sua morte o partido
rapidamente se dividiria ou não sobreviveria. O mesmo podemos
observar na Itália, que tinha em Mussolini o instigador do
patriotismo fanático, que imitava os gestos romanos, ideias de
expansão e acreditava na superioridade dos descendentes de Roma .
Sem essas duas figuras de carisma para as causas as quais
representavam , seus ideais, que precisavam de motivação constante
se desfizeram por si só.
Longe
de querer comparar Neymar à Hitler ou Mussolini como pessoa, o
considero no mesmo grau de importância na busca das metas que o
grupo ,onde ele era a maior estrela, almejava alcançar, no caso , o
campeonato mundial. O talento, mas sobre tudo a mídia, tornaram
Neymar um líder informal, sendo a cara da seleção e a tornando
dependente de suas habilidades; sem o craque, o restante da seleção,
que já vinha apagada perdeu seu referencial , seu exemplo de atitude
e se desfez em campo. Esse tipo de situação no futebol não é
nova, assistimos o Uruguai sucumbir após a punição de seu Craque
Suarez, nesta mesma copa e , em 2002, vimos a França ser eliminada
na primeira fase da copa do Japão/Coreia , ao ser privada do futebol
de Zidane, mas o grau de abatimento que a seleção apresentou, isso
sim, foi algo nunca antes visto e que mostrou seu grau de dependência
de Neymar.
Penso
que agora a CBF ao invés de procurar ajuda psicológica a seus
atletas, para aliviá-los de tensões que não deviriam influenciar
pessoas que estão acostumadas a participar de times milionários e
rivalidades que movimentam países, busque estudar sobre o peso
negativo que uma única figura pode representar ao carregar a
esperança de uma nação inteira, de forma que nas próximas copas,
disputadas em terreno estrangeiro, possamos contar com uma equipe que
vê em todos os integrantes os ideais de patriotismo que a seleção
brasileira representa e não mais em um único indivíduo, que pode
não estar presente.
O povo sempre estará lá |
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