Empolgado pela ação,
angustiado pela trama, chocado pelas revelações, emocionado pelos
momentos finais e triste pela despedida. Esse mix de sentimentos, foi
o que senti ao sair da sala de cinema depois de assistir ao filme
mais aguardo por mim (e por qualquer outro fã dos X-men) no ano de
2017, "LOGAN", o terceiro filme do mutante canadense mais
querido da Marvel e que abriu a temporada de filmes de super-heróis
com chave de ouro e garras de adamantium.
"Logan" se passa em
2029 e mostra um futuro onde James "Logan" Howlett, outrora
conhecido como Wolverine, trabalha como um discreto e amargurado
motorista de limusine no sul dos estados unidos, seus poderes estão
falhando devido a idade e ele se revesa com o mutante Caliban para
tomar conta do nonagenário professor Charles Xavier que sofre de
alzheimer.
Os X-men já não existem mais
e não há indícios do nascimento de mutantes a pelo menos vinte e
cinco anos, sendo a raça dada como extinta. Mas no meio de um
trabalho, Logan é reconhecido e acaba descobrindo uma menina com
poderes semelhantes aos seus e aceitando o apelo da acompanhante da
menina (ou ao dinheiro que esta lhe oferece) aceita atravessar o país
para leva-las, no que a acompanhante da menina acredita ser, o último
lugar seguro para os poucos mutantes que restaram, o Éden.
Mas como nada é fácil para
um sujeito nascido no século XIX, que foi vítima de experiências
do governo, teve suas memórias apagadas e viu sua raça desaparecer,
a menina, chamada Laura, que também atende pelo registro x-23, está
sendo perseguida por uma organização que a vê como posse e que
mandou em seu encalço um grupo de mercenários conhecidos como
carniceiros.
Restará a Logan atravessar os
Estados Unidos com o professor X e a menina na esperança de que o
Éden seja real e que eles possam fugir de todos os erros e tragédias
ocorridos no passado, em uma viagem que poderá ser a derradeira para
esses últimos mutantes conhecidos.
Humano |
Meus amigos, que filmaço!!
Denso, dramático, humano (ou mutante) , tem toda a profundidade que
todos os filmes anteriores do Wolverine (somados) não conseguiam
ter, e isso me faz feliz, pois tivemos uma despedida digna do
interprete do personagem, o ator Hugh Jackman, em um filme que fez
justiça tanto a ele, quanto ao mutante mais famoso das HQ's, tão
mal tratado em "X-men Origens" e "Wolverine imortal",
mas ao mesmo tempo a competência desse filme me incomoda, não por
ele em si, mas pelo fato disso não ter sido feito antes é só
acontecer devido ao retorno positivo obtido com o filme do
"Deadpool" um ano antes.
A FOX teve que aprender com
"Deadpool", que não é necessário efeitos mirabolantes ou
roteiros que explicam cada fala, para ganhar dinheiro e agradar os
fãs, pois foi necessário o sucesso do filme do mercenário tagarela
para o estúdio dar liberdade aos roteiristas e diretores de criar
livremente e só assim se colocar no mesmo nível que a Marvel
studios (porque sim, esse filme está no mesmo nível de Capitão
América 2), isso fica claro, quando percebemos que o diretor de
"Logan", James Mangold, é o mesmo de "Wolverine
Imortal", nos mostrando quanta porcaria os produtores nos fazem
engolir. Claro que não podemos generalizar, pois os filmes dirigidos
por Bryan Singer ainda são mais do mesmo, piorando a cada vez que
ele dá seu toque autoral, mas agora que sabemos que temos Tim Miller
e James Mangold por aí, acho que já está na hora do diretor de
"X-men" de 2001, partir para outra.
Mas voltando ao Filme,
confesso que a primeira coisa que fiquei preocupado foi quando soube
que a trama seria baseada em "Old Logan", a graphic novel
escrita por Mark Millar, pois a história lançada em 2008 utilizava
todos personagens da Marvel, para contar sobre um futuro distópico
onde os vilões venceram e um Wolverine derrotado e apático busca
sustentar sua família e fugir de em segredo terrível, o que não
seria possível acontecer no cinema, pois os personagens da Marvel
são propriedades da Marvel Studios e os X-men, da FOX, mas com muita
criatividade e talento, o roteiro entregou uma solução tão
aterradora e triste, quanto o segredo que o personagem guarda na HQ
de 2008 e que conforme vai se revelando justifica uma série de
coisas, culminando em uma cena, protagonizada pelo debilitado
professor Xavier, que é uma das partes mais tocantes do filme.
Tocante |
Um dos grandes destaques da
produção e que demonstra a qualidade do roteiro é o fato dele
referenciar fatos ocorridos em outros filmes onde o personagem
participou, para esclarecer que a história faz parte do mesmo
universo. Assim, temos conversas entre Logan e o professor X, que
remetem a luta entre X-men e a irmandade mutante em "X-men"
O filme, menção à vacina anti-mutante de "X-men: O confronto
final", a bala de adamantiun usada pelo Coronel Stricker em
"X-men Origens: Wolverine" e mais algumas pequenas citações
que vão costurando a trama e a prendendo naquele mundo onde Logan
viveu sua vida, agregando tanto a trama dessa produção, quanto
acrescentando mais credibilidade aos filmes anteriores, por pior que
alguns tenham sido.
Ainda falando de referências,
a história parece trazer muita inspiração de outros filmes com uma
temática "road movie". De forma mais clara me vem a mente
"Mad Max: Fury Road", devido as intensas perseguições de
carro e dos antagonistas com protesesn bizarras e artilharia pesada,
sem falar do cenário desértico e isolado onde o protagonista vive
escondido com seus poucos amigos; mas a questão de a trama tratar da
missão de alguém, que parece ter desistido, de proteger quem ele
acredita ser um dos últimos de sua espécie até um lugar seguro e
que talvez nem exista, me fez pensar muito no filme "Filhos da
esperança" de 2006, ainda mais quando temos a cena final do
protagonista.
Outra coisa que, não só eu,
mas todos os fãs do Carcaju sempre sentiram falta, foi a violência
e selvageria naturais do personagem e que o cinema nos privou desde o
primeiro filme dos "X-men" e esse desejo foi saciado com
força. O filme é um banho de sangue onde não faltam braços
decepados, decapitações, gargantas cortadas, mas tudo isso
exatamente dentro do contexto do personagem onde nada é de graça ou
apenas para agradar, com o aditivo do carisma e fúria da personagem
X-23, a silenciosa e expressiva mutante, interpretada por Dafne Keen.
Violento |
X-23, além de trazer mais
sentimento e humanidade a história, pois ignorando seus poderes, não
passa de uma criança em perigo, é a protagonista de diversas cenas
fenomenais e divertidas que dão destaque a coadjuvante, um fato que
era um dos problemas principais que eu tinha com os outros filmes do
Wolverine, onde TODOS outros personagens tinham que ser diminuídos
para que apenas o protagonista chamasse a atenção, assim fazendo
aquele absurdo de selar a boca do Deadpool em "X-men Origens"
e transformando o Samurai de prata em um robô em "Wolverine
Imortal", além de cometerem o absurdo de matar o Ciclope em
"X-men o confronto final" apenas para dar à Logan o título
de líder dos X-men; erros que esse filme, muito mais maduro, mostrou
serem desnecessários .
Pois bem, como já falei acima
e repito: "Logan" é um filmaço. Um daqueles filmes que
mesmo sendo uma adaptação bem diferente da ideia original da HQ,
deixa os fãs extremamente felizes. Uma rara produção que eu não
faço a mínima questão de dar spoilers porque quero que todos
tenham o mesmo mix de sentimentos que eu tive ao sair do cinema. Um
filme que fez justiça ao personagem e ao ator que dedicou mais de
quinze anos de sua vida dando interpretando o herói no cinema e que
superou minhas expectativas de quando assisti ao primeiro trailer e
me emocionei. Nos resta agora esperar que a FOX siga esse caminho
iniciado com "Deadpool" e tão bem direcionado com "LOGAN"
e siga nos entregando filmes cada vez mais densos e humanos desse
universo mutante que sempre foi tão rico e meu preferido.
Que venham, "DeadPool 2"
e "Os novos Mutantes".